A conjuntura política das últimas duas semanas foi de desgaste intenso para Jair Bolsonaro. O governo patina no combate à pandemia e teve uma derrota significativa quando João Doria conseguiu assumir o protagonismo do início da vacinação. A situação de perigo para Bolsonaro teve seu pico com a crise na saúde do Amazonas, que resultou em dezenas de mortos. Com isso, as eleições na Câmara e no Senado crescem de importância para o presidente. “Bolsonaro está disputando a própria sobrevivência nessa eleição”, podera Murillo de Aragão, cientista político e CEO da Arko Advice.
Segundo ele, o fato do Brasil ser o segundo país do mundo em número de mortos, mesmo estando na lista das maiores economias, pode gerar um cenário turbulento para o presidente. “Bolsonaro sabe que um presidente da Câmara ou do Senado que seja hostil pode criar grandes dificuldades, principalmente dificuldades políticas”, analisa Aragão, em live da Genial Investimentos.
De acordo com levantamento da Arko Advice, os dois candidatos mais alinhados com o Planalto, Arthur Lira (PP-AL) na Câmara e Rodrigo Pacheco (DEM-MG) no Senado, são os que tem mais chance de ganhar. Mas, de acordo com Aragão, os acontecimentos recentes, aliados ao sigilo do voto, podem mudar a direção da disputa. “As várias polêmicas que o presidente suscitou, acabaram causando uma reflexão nos parlamentares sobre a eleição. Eles repensam se querem mesmo votar em um candidato alinhado a um presidente assim”, pontua.
Bolsonaro atualmente tem mais de 60 pedidos de impeachment protocolados na Câmara dos Deputados. A decisão de levar o processo adiante é do presidente da Câmara dos Deputados.
O atual ocupante do cargo, Rodrigo Maia (DEM-RJ) diz que a tarefa ficará a cargo de seu sucessor. O candidato apoiado por ele, Baleia Rossi (MDB-SP), não descarta a possibilidade de retirar um dos pedidos da gaveta.