A pandemia do novo coronavírus tem causado prejuízos em boa parte da economia mundial, com redução nas vendas, da atividade industrial e aumento do desemprego. Contudo, um setor tem se destacado por conseguir se manter estável mesmo durante o período mais crítico da crise: a indústria imobiliária.
De acordo com dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), apesar de ter sido registrada uma redução de 43,9% no lançamento de imóveis novos, nos primeiros seis meses de 2020, quando a crise da covid-19 atingia seu ápice, a queda na venda de imóveis foi de apenas 2,2%, em comparação com o mesmo período do ano passado.
Já em setembro, os dados que começam a ser publicados pelas entidades regionais que representam o setor imobiliário já mostram um cenário de recuperação. Em São Paulo, o mês foi de forte recuperação tanto no número de lançamentos, que foram 40,4% maiores do que em setembro do ano passado, como de vendas, 19,2% maiores. Os dados são do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP)
Selic em 2%
Para Celso Petrucci, vice-presidente da área de Indústria Imobiliária da CBIC e economista chefe da Secovi-SP, o principal fator que explica a recuperação rápida do setor é o juros baixo, que permitiu o financiamento de imóveis a custos mais amigáveis. “Isso está acontecendo por conta da Selic muito baixa. A inflação também está sob controle, por mais que tenha variado agora. A taxa de juros do financiamento imobiliário nunca esteve tão baixa e tem muito recurso entrando na caderneta de poupança”, avalia Petrucci.
Em agosto, a Selic chegou em 2% – seu menor patamar desde 1998. Além disso, no começo de outubro, a Caixa Econômica Federal diminuiu 6,5% para 6,25% a taxa de financiamento da casa própria para pessoa física.
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“Temos certeza que no terceiro trimestre que aqueles 44% de defasagem nos lançamentos vão diminuir e que o setor supere o número de vendas em 2019”, calcula o economista.
O aumento nas vendas tem acontecido especialmente nas regiões de maior renda do país. É o que mostra uma pesquisa da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), que registrou aumento de 34,8% no comércio de imóveis de alto padrão.
Vendas pela internet
De acordo com Petrucci, nesse período de pandemia os portais e aplicativos de busca imobiliária quebraram recorde de acesso. Isso porque os consumidores têm preferido fazer um primeiro contato pela internet do que nos estandes de venda.
“Hoje a jornada do comprador é feita muito mais pelo meio digital do que presencialmente. As empresas que estavam mais evoluídas em questão de tecnologia foram as que venderam mais no primeiro semestre”, afirma.