Nos últimos dias surgiram especulações sobre a possibilidade de Rodrigo Maia (DEM-RJ), ao deixar a presidência da Câmara, assumir um ministério do governo de Jair Bolsonaro. Mais especificamente, a pasta da Educação. Como se sabe, Maia deixa a presidência da Câmara no dia 1º de fevereiro de 2021, quando será eleito o novo presidente da Câmara.
Existe a possibilidade de que o Supremo Tribunal Federal permita que ele disputa um novo mandato. Mas não é certo e, mesmo que pudesse, existem obstáculos à sua reeleição.
O que ganharia o governo com Maia?
A ida de Maia para a Esplanada dos Ministérios teria como consequências positivas os seguintes aspectos:
- Melhoraria a relação do Executivo com o Legislativo;
- Reforçaria a aliança entre o governo e o DEM, que já comanda as pastas da Agricultura (Tereza Cristina) e da Cidadania (Onyx Lorenzoni);
- Poderia isolar o ex-ministro Henrique Mandetta, que tenta viabilizar seu nome para a sucessão presidencial de 2022.
O que Maia ganharia?
Para Maia, as vantagens seriam:
- A oportunidade de assumir um cargo relevante no Executivo Federal
- Ao assumir um cargo no Executivo, em 2022 teria mais opções além de concorrer como deputado federal ou mesmo um cargo majoritário
E a eleição para a Câmara?
A questão será ainda decidida pelo Supremo Tribunal Federal. Mas as manifestações de Maia são todas na direção de que não pretende concorrer. Já declarou que não é candidato e que a Constituição é muito clara ao vedar a recondução na mesma legislatura.
- Maia somente seria candidato se tivesse a garantia de que seria reeleito;
- Deixar a presidência da Câmara com uma derrota seria muito ruim. Melhor deixar a cadeira fazendo o sucessor.
A relação de Maia com o governo, em especial com o presidente Jair Bolsonaro e com o ministro da Economia, Paulo Guedes, é marcada por idas e vindas. Bolsonaro já chegou a afirmar que Maia queria derrubá-lo. Como ministro, o risco de novos atritos não pode ser desconsiderado.
Rodrigo Maia seria alvo de críticas intensas da ala ideológica do governo. Como presidente da Câmara, várias vezes sofreu críticas e ataques do chamado bolsonarismo raiz. Entrou em conflito direto com o filho do presidente da República, o vereador Carlos Bolsonaro, e do filósofo Olavo de Carvalho.
Maia dificilmente deixará a presidência da Câmara antes do final do seu mandato, em fevereiro de 2021. Até lá, muita coisa pode acontecer. Mas, hoje, apesar dos aspectos positivos tanto para Maia quanto para o governo, a tendência é de que Maia não assuma cargo no Executivo.
Por outro lado, inegavelmente, a presença de Maia no governo poderia ampliar a base governista de Jair Bolsonaro na Câmara e recompor o Centrão, que ficaria ainda mais poderoso.
*Análise Arko – Esta coluna é dedicada a notas de análise do cenário político produzidas por especialistas da Arko Advice. Tanto as avaliações como as informações exclusivas são enviadas primeiro aos assinantes. www.arkoadvice.com.br