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Lula critica gestão de Campos Neto e diz que BC tem lado político

Em entrevista à Rádio CBN, o presidente Lula expressa críticas à autonomia do Banco Central e discute possibilidade de retorno ao poder em 2026

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O presidente Lula (PT) expressou duras críticas à gestão do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, durante entrevista à Rádio CBN nesta terça-feira (18). Lula acusou Campos Neto de falta de autonomia e de adotar uma postura politicamente enviesada, sugerindo uma proximidade excessiva com a oposição.

Lula

Para o presidente, juros altos não condizem com baixa inflação – Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

– Nós só temos uma coisa desajustada no Brasil neste instante. É o comportamento do Banco Central. Temos um presidente  que não demonstra nenhuma capacidade de autonomia e que tem um claro lado político. Na minha opinião, ele trabalha muito mais para prejudicar do que para ajudar o país – afirmou o presidente. Lula também comparou a atuação atual com a gestão de Henrique Meirelles.

Além disso, ele também criticou a influência do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, sobre Campos Neto, mencionando um evento em que o presidente do BC foi homenageado pelo governador paulista.

– Sinceramente, acho que o Tarcísio de Freitas tem mais influência [com o Roberto Campos] do que eu. Não é que ele se encontrou com Tarcísio numa festa. A festa foi do Tarcísio para ele [Roberto Campos]. Foi uma homenagem que o governo de São Paulo fez para ele. Certamente porque o governador está achando maravilhosa a taxa de juro em 10,5% –  completou.

Influências políticas no BC

Roberto Campos Neto defende autonomia do Banco Central

Roberto Campos Neto, presidente do BC – Foto: Raphael Ribeiro/ BCB

O presidente da república afirmou ainda que essa relação pode estar influenciando decisões econômicas, especialmente no que se refere à taxa de juros, que considera demasiadamente alta para o contexto de inflação controlada. Segundo ele, não há nenhuma explicação que justifique a taxa atual  de juros, e isso é percebido até mesmo por autoridades estrangeiras.

– Recebi presidentes do FMI [Fundo Monetário Internacional]; de bancos asiáticos; do Citibank; do Santander. Todos os bancos demonstram que não há país com mais otimismo do que o Brasil – explicou Lula – Por isso não podemos continuar com essa taxa proibitiva de investimento no setor produtivo. Precisamos baixá-la para um nível compatível com a inflação, que está totalmente controlada. Só que agora ficam inventando o discurso de inflação do futuro. Vamos trabalhar em cima do que é real.

Candidatura à reeleição

Sendo assim, durante a entrevista, Lula também abordou questões relacionadas à política econômica atual, como as desonerações fiscais e a distribuição de recursos. De acordo com ele, a falta de contrapartidas por parte dos setores beneficiados pelas desonerações, acabou se revertendo em nenhum benefício significativo para os trabalhadores.

Por fim, Lula ainda mencionou a possibilidade de uma candidatura à reeleição, embora tenha afirmado que é necessário pensar muito antes de tomar uma decisão final. Ele destacou a responsabilidade de evitar um retorno ao poder de governos que, em suas palavras, representam uma ameaça ao país.

– Vamos ter que pensar muito porque tenho responsabilidade com o Brasil. O fato é que não vou permitir que esse país volte a ser governado por um fascista negacionista – disse.

 

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