Carlos Eduardo Bellini Borenstein A decisão da juíza da 13ª Vara Cível de Brasília (DF), Thaís Araújo Correia, de determinar o afastamento do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), da presidência
nacional do partido representa mais um capítulo da divisão interna no ninho tucano.
Segundo a decisão judicial, Eduardo Leite terá 30 dias para convocar uma nova convenção e eleger a Executiva. Com isso, a atual Comissão Executiva, que conta com os governadores de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), e de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), também terão de deixar seus cargos. Riedel e Raquel ocupam os cargos de vice-presidente nesse colegiado.
Bancada
Ainda que a atual direção nacional do PSDB possa recorrer da decisão, o episódio mostra que os problemas internos na sigla permanecem. O autor da ação que determinou o
afastamento de Leite da presidência do partido é o prefeito de São Bernardo do Campo (SP), Orlando Morando (PSDB).
Apesar de a bancada do PSDB na Câmara dos Deputados ter divulgado uma nota de apoio a Leite, o diretório de São Paulo é um importante obstáculo para o governador gaúcho
consolidar seu poder no partido. O diretório de São Paulo, em que pese o PSDB ter perdido o comando do Palácio dos Bandeirantes nas eleições de 2022, é onde a estrutura da sigla é mais robusta. Ainda assim, o PSDB tem perdido prefeitos, que estão migrando para os partidos da base de sustentação do governador do estado, Tarcísio de Freitas
(Republicanos).
Comando
Outro problema para Eduardo Leite é que líderes tucanos, como Orlando Morando, resistem a entregar o comando nacional do PSDB a Leite. Embora o governador gaúcho seja hoje o principal nome tucano no país, sua força em São Paulo não está consolidada. E o diretório paulista não dispõe de um líder com o mesmo peso político de Eduardo
Leite. Além de o ex-governador João Doria ter se desfiliado da legenda, a principal aposta tucana da nova geração, Bruno Covas, faleceu precocemente, em 2021, quando era
prefeito da capital.
Afora a resistência do diretório paulista, Eduardo Leite tem de conviver com os rumores envolvendo a suposta saída de Raquel Lyra do partido. Nesse cenário, a divisão interna no
PSDB tende a ser um desafio permanente para Leite.
