A possibilidade de uma greve de caminhoneiros foi objeto de preocupação no Ministério da Infraestrutura nesta quarta-feira (13). As falas das lideranças do movimento, marcado para o dia 1º de fevereiro, geraram preocupação no mercado e acenderam o alerta do governo federal. Contudo, a conclusão prioritária entre as fontes ouvidas pela Arko Advice dentro do ministério era de que o movimento não deve conseguir o apoio massivo da categoria.
A preocupação do mercado cresceu depois que o presidente da Associação Nacional do Transporte Autônomos do Brasil (ANTB), José Roberto Stringasci, disse ao jornal Estado de S.Paulo que a greve poderia ser ainda maior do que aquela realizada em 2018.
A Arko Advice entrou em contato com Stringasci e ele explicou a própria frase: disse que se referia ao apoio da sociedade como um todo aos caminhoneiros, não que a greve teria o envolvimento de um número maior de entidades de motoristas do que a paralisação anterior.
“A população agora está mais consciente. Vamos ter apoio de pequenos, médios agricultores, além de barqueiros e pescadores”, declarou. Por outro lado, disse que o Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), que lidera a paralisação, conta com 21 entidades filiadas em diferentes estados.
Como adiantado pelo O Brasilianista, o movimento grevista está longe de ser uma unanimidade entre os caminhoneiros. O primeiro fator que atrapalha a mobilização é a pulverização das associações, depois do surgimento de uma série de entidades depois da greve de 2018.
Lideranças da Associação Brasileira de Caminhoneiros (Abcam), uma daqueles que lideraram o movimento grevista em 2018, disseram à Arko que não enxergam essa possível greve conseguindo muita adesão. “A gente vem acompanhando e os caminhoneiros estão muito divididos. É um momento muito delicado para se pensar em greve, apesar da pauta ser muito justa”, informou a presidência da entidade.
Outro fator que desmotiva os sindicatos é a própria pandemia do novo coronavírus.
“Não é o momento para qualquer paralisação, já que ainda está vigente o decreto presidencial que torna o transporte de cargas um serviço essencial. Qualquer paralisação do transporte nesse momento pode se tornar um crime para quem promoveu e para aderiu à greve. Entendemos também que a greve tem cunho político e não de benefício à categoria”, argumenta Everaldo Bastos, Presidente do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos do Vale do Paraíba (SP).