O Partido dos Trabalhadores (PT), que já elegeu dois presidentes da República em um total de 4 mandatos, em 2020 não conseguiu eleger nenhum prefeito em capitais. Marília Arraes, que vinha empatada nas pesquisas até o último momento com João Campos (PSB), em Recife (PE), recebeu 43,73% dos votos e foi derrotada por Campos, que teve 56,27%.
Em Vitória (ES), o petista João Coser também foi derrotado no segundo turno por Lorenzo Pazolini (Republicanos). Coser teve 41,50% dos votos, enquanto Pazolini teve 58,50%.
Na primeira eleição que disputou, em 1985, durante o processo de redemocratização, o PT teve 1 prefeito eleito, em Fortaleza (CE). O melhor momento para o partido foi em 2004, quando teve 9 candidatos eleitos em capitais (Aracaju, Belo Horizonte, Fortaleza, Macapá, Palmas, Porto Velho, Recife, Rio Branco e Vitória).
Desde então, o partido vem em trajetória descendente nas capitais, conquistando apenas a prefeitura de Rio Branco (AC) em 2016 e nenhuma em 2020.
Em uma análise mais ampla, incluindo todas as 96 cidades com mais de 200 mil eleitores, o PT também continua em baixa. Das 57 cidades onde houve segundo turno, o PT disputou em 15 e perdeu em 11, incluindo as duas capitais citadas anteriormente. Venceu somente em Juiz de Fora (MG), Contagem (MG), Diadema (SP) e Mauá (SP).
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Os vencedores em segundo turno foram os únicos do PT nas 96 cidades com mais de 200 mil eleitores, portanto a sigla vai começar 2021 com 4 prefeitos nesse grupo – um ligeiro aumento em relação ao resultado de 2016, quando elegeu apenas um prefeito em grandes cidades. O ano era crítico para o partido, que tinha acabado de passar pelo impeachment de Dilma Rousseff.
Em 2012, o PT era o partido com o maior número de prefeituras no grupo de maiores cidades do Brasil: a sigla comandava 16 cidades.
Problema de narrativa
Para o cientista político da Arko Advice, Lucas de Aragão, o desempenho pequeno do PT se deve ao apego do partido à narrativas que não têm mais apelo com o eleitor.
“Olhando para o partido hoje, nós não vemos uma vontade, principalmente da liderança, de mudar sua narrativa e de tentar algo novo. A gente percebe pelas falas dos candidatos que concorreram nas principais prefeituras, que eles vão continuar batendo nessa tecla do ‘Lula livre’, tentado ainda dar fôlego a uma candidatura de Lula em 2022, o que é muito improvável. A gente já tem hoje dentro do PT algumas vozes que já defendem que o PT mude a narrativa e o candidato. Mas Lula ainda é o dono da bola e ele não parece disposto a mudar a narrativa”, avalia.