A indicação do desembargador Kassio Nunes Marques ao Supremo Tribunal Federal (STF) motivou manifestações contrárias da bancada evangélica do Congresso e de líderes religiosos. Bolsonaro vinha prometendo escolher um ministro “terrivelmente evangélico”, o que gerou uma expectativa em seus aliados mais religiosos e conservadores, frustrada com a indicação de Marques.
A manifestação mais forte partiu do pastor Silas Malafaia, que em vídeo publicado nas redes sociais disse que, apesar de continuar aliado do presidente, não poderia concordar com a escolha. “O presidente não teria a necessidade de colocar na primeira vaga para o STF alguém ‘terrivelmente evangélico’, mas sim alguém ‘terrivelmente da direita’”, defendeu.
ABSURDO VERGONHOSO! O indicado de Bolsonaro para vaga no STF. https://t.co/SyVirUmMHp
— Silas Malafaia (@PastorMalafaia) October 2, 2020
O incômodo é por conta do histórico de Marques, indicado a desembargador no TRF-1 em 2011 por indicação da então presidente Dilma Rousseff. “Ele é criticado pela proximidade a políticos do Centrão e por ter posições mais progressistas. Isso contraria bastante a bancada evangélica que queria alguém mais conservador e mais à direita”, explica o analista da Arko Advice, Marcos Queiroz.
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O deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), que é pastor evangélico da Assembléia de Deus, e foi apoiado por Malafaia durante a campanha, foi um daqueles que demonstrou incômodo. Nas redes sociais, ele relaciona o indicado de Bolsonaro a figuras que considera “de esquerda”.
Uma indicação lamentável para o STF, apoiada por figuras da esquerda e indicada para o STJ por Dilma Roussef.
Nós não lutamos todos esse anos para aceitar um nome contra os princípios conservadores e contrário a toda nossa luta por justiça, e o fim da impunidade no Brasil. pic.twitter.com/titDm100V0
— SÓSTENES (@DepSostenes) October 2, 2020
Em defesa da própria escolha, a apoiadores em frente do Palácio do Planalto, Bolsonaro pediu que confiassem nele. Foi essa a atitude de aliados como a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) e de Marco Feliciano (Republicanos-SP), que apesar de demonstrarem insatisfação, disseram que confiam no presidente.
Mas sonhos são sonhos. Realidade é o que temos para hoje.
Confio no Presidente. Darei este voto de confiança a ele. E continuo desejando com todo meu coração que o Brasil esteja acima de tudo e D'us acima de todos.
(6/7)
— Carla Zambelli (@Zambelli2210) October 2, 2020
Em transmissão ao vivo na internet, o presidente garante que a segunda vaga ao STF que ele terá direito de indicar será de um juiz evangélico.