Depois que o mercado reagiu mal ao anúncio de que o programa social Renda Cidadã seria financiado com recursos dos precatórios, o governo recuou e veio a público para assumir que a proposta não foi uma boa ideia.
Na última quarta-feira (30), o ministro da Economia, Paulo Guedes, confirmou presença de última hora em uma coletiva de divulgação de dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED). Durante a transmissão, ele afastou a ideia de que o gasto com precatórios seja limitado para abrir espaço para o Renda Cidadã.
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“Não pode ser financiado por um puxadinho, ou por um ajuste. Não é assim que vamos financiar o Renda Brasil, mas sim com receitas permanentes”, disse o ministro, usando ainda o antigo nome do programa idealizado pelo governo e que havia sido proibido por Bolsonaro, após discordar da fonte de recursos que era proposta na época.
“Nós sabemos que precatórios são dívidas líquidas e certas, transitadas em julgado. Ninguém vai botar em risco a liquidação do governo brasileiro, o governo vai pagar tudo”, defendeu. Segundo o ministro, os precatórios não são fontes “saudáveis “ de recursos.
Fala de Guedes teve aval de Bolsonaro
De acordo com fontes do Palácio do Planalto ouvidas pela Arko Advice, a fala de Guedes, rechaçando o uso do Fundeb e de Precatórios para financiar o Renda Cidadã teve o aval do presidente Jair Bolsonaro. A avaliação é que as medidas teriam enorme resistência no Congresso e, mesmo que fosse aprovada, demoraria tempo demais para colocar o programa de pé já no início do próximo ano.
Por outro lado, durante a quarta-feira, a ala política da elaboração do Renda Cidadã ainda se mostrava apegada à ideia dos precatórios. Em entrevistas, o senador Márcio Bittar (MDB-AC) continuou defendendo a proposta.
No início da noite, Bolsonaro convocou uma reunião de emergência para alinhar os discursos. Na saída, nenhum dos participantes falou com a imprensa.