Retirada de urgência da reforma tributária abre caminho para votação da administrativa. Mudança na ordem não representa diminuição de prioridade, defende governo.
Com o pedido de Jair Bolsonaro para que o Congresso cancele o pedido de urgência de tramitação da reforma tributária, o governo federal sinalizou que a reforma administrativa deve correr mais rápido, ainda que a ordem de apresentação dos projetos tenha sido o inverso.
A retirada do pedido de urgência foi publicada na sexta-feira (4) – um dia depois da apresentação da proposta que muda o regime jurídico dos servidores públicos. Caso o pedido não tivesse sido apresentado, a pauta na Câmara ficaria travada a partir desta semana, forçando a votação da reforma tributária. Apesar do recuo, o governo nega que a proposta tenha perdido importância.
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O pedido para que a reforma administrativa fosse analisada antes da reforma tributária responde a uma avaliação antiga de economistas e parlamentares. Para Fábio Bentes, economista sênior da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), por exemplo, “o governo colocou o carro na frente dos bois ao discutir aumento de receita antes do corte de despesas”, defendeu. O economista defende que antes de aumentar a receita, é necessário que o governo saiba qual o nível de arrecadação que ele vai precisar.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, também já tinha falado sobre o assunto. “A reforma tributária é mais complexa (que a administrativa), mas temos muitos deputados para tratar todos os temas”, avaliou Maia no fim do ano passado em evento do jornal O Estado de S.Paulo.