Apesar da crise política que atinge o governo e o avanço da pandemia do coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro preserva a liderança na disputa pelo Palácio do Planalto. É o que aponta a mais recente pesquisa do instituto Paraná, divulgada hoje (02) no site da revista Veja.
Independente o cenário testado, Bolsonaro tem em torno de 1/3 das intenções de voto (ver tabela abaixo), o que seria suficiente para levá-lo ao segundo turno. Hoje, o ex-presidente Lula (PT) é quem se aproximaria dos percentuais de Bolsonaro. Porém, Lula está inelegível com base da Lei do Ficha Limpa.
Sem Lula, há uma situação de empate técnico considerando a margem de erro – dois pontos percentuais, para mais ou para menos – entre Sergio Moro, Fernando Haddad, Ciro Gomes, Luciano Huck e Luiz Henrique Mandetta.
Nota-se que os governadores João Doria (PSDB-SP) e Wilson Witzel (PSC-RJ), apesar do protagonismo que ganharam na crise do coronavírus ao polarizarem com Bolsonaro o debate em torno do isolamento social, tem baixa densidade eleitoral. Dos nomes do chamado centro, quem melhor aparece posicionado na pesquisa é Mandetta.
CANDIDATOS
CENÁRIO 1 (%)
CENÁRIO 2 (%)
CENÁRIO 3 (%)
Jair Bolsonaro (Sem partido)
27
26,3
29,1
Lula (PT)
–
23,1
–
Sergio Moro (Sem partido)
18,1
17,5
–
Fernando Haddad (PT)
14,1
–
15,4
Ciro Gomes (PDT)
10,3
8,1
11,1
Luciano Huck (Sem partido)
6
–
8,1
Luiz Henrique Mandetta (DEM)
–
–
6,8
João Amoêdo (NOVO)
4
4
4,5
João Doria (PSDB)
3,7
3,8
4,4
Flávio Dino (PCdoB)
–
–
1,4
Marina Silva (REDE)
–
2,3
Guilherme Boulos (PSOL)
1,2
0,7
Wilson Witzel (PSC)
1
1,2
1,1
Não sabe
5,4
4,7
5,9
Nenhum
9,2
8,3
12,2
*Fonte: Veja/Paraná Pesquisas (26 a 29/04)
Chama atenção na sondagem o apelo pela chamada “anti-política”. Jair Bolsonaro, Sergio Moro e Luciano Huck, que sequer possuem filiação partidária, somam juntos 51,1% das intenções de voto.
Como Lula só deve ser candidato se conseguir reverter suas condenações no âmbito da Operação Lava Jato – o que é improvável – não há hoje no tabuleiro um nome natural que ocupe o espaço do “anti-bolsonarismo”.
Sem o ex-presidente na disputa, Haddad, que foi o adversário de Jair Bolsonaro no segundo turno de 2018, aparece numericamente atrás de Sergio Moro. Outras opções de esquerda/centro-esquerda como Marina Silva, Flávio Dino e Guilherme Boulos são pouco competitivos. E há ainda alternativas como Doria, Witzel e Mandetta procurando seu espaço.
Importante registrar que sem Lula na disputa aparecem nomes do que podemos chamar como dissidentes do bolsonarismo como opção: Moro, Mandetta, Doria e Witzel.
Nota-se que a avaliação positiva do governo Jair Bolsonaro (ver tabela abaixo) é muito próxima da intenção de voto do presidente. Há ainda um terço que rejeita o atual presidente e outro terço que avalia o governo como regular.
AVALIAÇÃO
29 a 29/04 (%)
Ótimo/Bom
31,8
Regular
27,3
Ruim/Péssimo
39,4
*Fonte: Veja/Paraná Pesquisas
A popularidade de Bolsonaro e sua intenção de voto sugere que o presidente tem alta possibilidade de estar no segundo turno em 2022. Entretanto, hoje teria uma disputa difícil pela frente. Nota-se que, segundo o instituto Paraná, 51,7% dos entrevistados desaprovam Bolsonaro. 44% aprovam o presidente.
Além disso, 58,8% responderam que o governo está indo pior que o esperado. E 35,3% entendem que a administração está sendo melhor que o esperado.
No médio a longo prazo, o desempenho da economia será fundamental para fortalecer ou enfraquecer a posição de Jair Bolsonaro na busca pela reeleição.
Vale recordar que o último Datafolha apontou que os setores de renda mais baixa hoje apoiam mais o presidente que os segmentos de renda mais elevada. Como os setores de renda média e baixa são mais impactados pela economia, isso poderá mexer na avaliação do governo. Por isso a preocupação do presidente com o isolamento social e seu impacto negativo sobre a atividade econômica.