Sem fatos novos, o maior problema do presidente Michel Temer é o PSDB. O partido está dividido de forma bastante séria (PSDB vive clima interno conturbado). Existem números conflitantes em termos de apoio ao presidente. Para o governo, cerca de 20 deputados em 46 votariam contra Temer. Para outros, o número chega a 38 contra o governo. O presidente da legenda, Tasso Jereissati (CE), propõe o desembarque, estimulado pela bancada jovem na Câmara.
Na segunda-feira (10), a cúpula do partido teve uma reunião com o ex-presidente FHC em seu apartamento, em São Paulo. O objetivo era unificar a linguagem do PSDB em um momento grave e delicado. Nada mudou após a reunião e o PSDB segue com o governo, mas sempre com a possibilidade de mudar de posição caso a situação se deteriore ainda mais.
Consta que FHC acreditaria que Michel Temer é inocente das acusações de Rodrigo Janot e que elas são bastante inconsistentes. No entanto, reconheceria que o contexto é complicado e acharia difícil algum presidente resistir ao ataque diário da Rede Globo ao seu mandato.
Coligação com PMDB e DEM
FHC também acharia que o PSDB tem compromisso com as reformas e a governabilidade. E que poderia, juntamente com o PMDB e o DEM, liderar uma coligação capaz de eleger o próximo presidente. Ao contrário do que se divulgou, FHC não defende a renúncia de Temer. Porém, acha que um bom gesto – em face das circunstâncias – seria abrir mão de um ano do mandato em favor da antecipação das eleições presidenciais para dezembro deste ano.
Olhando o passado do PSDB, o rompimento com o governo parece pouco provável. Dificilmente o partido obrigaria Antônio Imbassahy (Secretaria de Governo), Aloysio Nunes Ferreira (Relações Exteriores) e Bruno Araújo (Cidades) a abandonar o Ministério. O encontro pode terminar sem uma definição clara que obrigue o partido a se posicionar contra Temer. Por outro lado, os dissidentes podem ser liberados para votar contra Temer em plenário. A balança vai pender para um lado ou para outro dependendo do surgimento de fatos novos.