Sobrevivência ainda é cenário predominante


Em que pese o noticiário alarmista contra Michel Temer na Câmara (e que faz parte de um processo de convencimento), o presidente ainda tem amplas chances de ganhar a batalha que, sem dúvida, será sangrenta.

Porque?

  1. A denúncia veio fraca juridicamente. Editorial do Estadão (A denúncia contra o presidente, 28/06/17) explica ponto por ponto;
  2. Hoje, contra tudo e contra todos, Temer ainda tem o apoio entre 240 e 260 votos na Câmara;
  3. Ao jogar Aécio Neves na fogueira, Rodrigo Janot dividiu o PSDB. Caso o problema fosse só Temer, o desembarque seria mais fácil;
  4. Todo o esquema que seria usado para aprovar a Reforma Previdenciária será usado na batalha contra a denúncia;
  5. O fatiamento da denúncia está sendo visto como uma manobra para constranger o mundo político;

Todo o discurso de bastidor de que será difícil – e que é reverberado pelos colunistas – trata de uma velha estratégia: vender alto o apoio.

Sem fato novo, predomina a sua permanência como cenário mais provável.

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Fatiamento das denúncias

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, sinaliza que irá apresentar denúncias contra o presidente Michel Temer de forma fatiada. As acusações contra o presidente são pelos crimes de organização criminosa, corrupção passiva, obstrução de Justiça e prevaricação. Já foi apresentada a denúncia por corrupção passiva.

A estratégia do fatiamento criaria enorme desgaste para o governo e o presidente. Se for apresentada uma denúncia para cada suposto crime, seriam quatro batalhas na Câmara dos Deputados.

Com isso, a estratégia do Planalto de agilizar a análise das acusações e retirar o tema da pauta o mais rápido possível poderá ficar inviabilizada. Cada denúncia teria que ser analisada pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara e ser votada pelo plenário da Casa. Para que ela seja aceita, são necessários 342 votos. Estima-se, pelo menos, um mês para que cada denúncia seja analisada a partir da chegada à Câmara.

Com tantas denúncias sob análise, o impacto sobre votações de interesse do governo seria inevitável. Em especial para a Reforma da Previdência.

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