Muitas são as razões pelas quais as pessoas aspiram ingressar na vida pública, mas poucas são efetivamente meritórias e republicanas. As motivações podem ser classificadas em positivas e legítimas e não-constitutivas.
Entre as motivações louváveis, podemos destacar a defesa do interesse público, a promoção das pautas das minorias (que envolvem gênero, raça, mulheres, índios, etc), a defesa de causas específicas (meio ambiente, consumidor, usuário de serviço público, etc) ou mesmo a promoção de valores, desde que não deponham contra a vida.
Entre as motivações questionáveis e até condenáveis, podemos destacar a busca de mandato apenas por vaidade, por ressentimento, por ser celebridade ou endinheirado ou para ganhar foro privilegiado.
Entretanto, seja qual for a motivação, para que tenha chances reais de eleição, além de boa estratégia de marketing e de boa estrutura de campanha, o candidato precisa contar com pelo menos 4 das condições a seguir:
- ter serviços prestados à comunidade na qual pretende disputar;
- liderar segmentos organizados (sindicato, igreja, grupo empresarial etc);
- dispor de recursos para cobrir parte dos gastos de campanha;
- possuir base geográfica definida ou base eleitoral;
- dispor de máquina partidária, governamental, sindical, empresarial etc;
- possuir notória especialização, ser celebridade ou personalidade do mundo acadêmico, das comunicações, empresarial, esportivo, cultural, artístico ou religioso, etc;
- ter aliados (cabos eleitorais) com forte prestígio na circunscrição do pleito;
- contar com o engajamento do partido ou apoio dos candidatos majoritários, no caso de eleição proporcional;
- produzir bons programas de rádio e de televisão e utilizar bem as redes sociais;
- ter seguidores e uma boa inserção nas redes e mídias sociais; e
- ter boa reputação, principalmente nos aspectos ético e moral.
Além disso, o candidato, para ser bem sucedido, deve ter domínio sobre os temas de sua plataforma de campanha ou programa de governo e conhecer minimamente a Constituição Federal e a estadual e a Lei Orgânica do município, bem como ter noção do que são, o que fazem e como funcionam as instituições públicas.
A responsabilidade pela escolha, entretanto, cabe ao eleitor, que deve estar bem informado e em condições de julgar as motivações e habilidades do candidato, além de exigir compromisso com o programa apresentado durante a campanha, com ética e com prestação de contas.
Este texto é parte integrante da Cartilha, de nossa autoria, com o título: “Eleições Gerais 2018: orientação a candidatos e eleitores”.
(*) Jornalista, consultor, analista político e diretor de Documentação do Diap.