Dos 28 ministros que compõem o governo Michel Temer (PMDB), 17 devem deixar o cargo em abril do próximo ano para saírem candidatos nas eleições de outubro. Ou seja, 60% das pastas sofrerão alterações em sua composição. Esse número de ministros-candidatos pode chegar a 20, caso o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB-RS), o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD-SP), e o secretário de Governo, Moreira Franco (PMDB-RJ), concorram a algum cargo eletivo.
Reforma ministerial favorece coalizão de centro
Assim, Temer terá que escolher entre 17 e 20 ministros, a partir de abril do próximo ano, para remontar seu governo. Trata-se de margem de manobra importante para o presidente pensar, em que pese sua baixa popularidade, na distribuição de poder na Esplanada dos Ministérios em seus últimos oito meses de gestão para partidos dispostos a participar de uma coalizão de centro visando à disputa pelo Palácio do Planalto.
Dada a antecipação que a disputa presidencial vem experimentando, uma Reforma Ministerial pode começar a ser articulada para ser executada em 2018, atrelando as substituições de ministros ao calendário eleitoral.
PMDB e PSDB
Como Michel Temer não deve ser candidato à reeleição e o senador José Serra (PSDB-SP) vê seus planos presidenciais cada vez mais distantes, o nome do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, pode ganhar força na bolsa de apostas, principalmente se a atividade econômica continuar emitindo sinais positivos. Essa candidatura centrista e moderada com um discurso reformista também tem o governador Geraldo Alckmin e o prefeito João Doria, ambos do PSDB de São Paulo, como alternativas.
Porém, ainda é uma incógnita se a eventual candidatura de Alckmin ao Planalto seria construída atrelada ao governo Temer. Doria, por sua vez, é um nome mais identificado com Temer que Alckmin. Porém, dada a atual conjuntura, ele encontra dificuldades para avançar seu projeto presidencial dentro do partido.
Mesmo com um governo mal avaliado, o peso da máquina federal não deve ser menosprezado, principalmente num contexto sem financiamento privado. Assim, caso a economia continue melhorando, a avaliação do governo poderá aumentar um pouco, colocando à disposição dos partidos interessados em compor essa coalizão de centro um instrumento importante (ocupação de ministérios que ficarem vagos) para, quem sabe, tornar tal coalizão competitiva em 2018.