Reforma a prestação


O presidente Michel Temer deixou a maior parte da reforma ministerial para o ano que vem. Um ensaio programado para a semana passada, trocando Antônio Imbassahy por Carlos Marun, na Secretaria de Governo, não emplacou. Ficou para os próximos dias.

O presidente estava convencido de que, ao invés de esperar que o PSDB deixasse o governo, passando para a opinião pública uma ideia de rejeição, o melhor seria despachar os tucanos. Outro movimento positivo, imaginou-se, seria substituir de uma só vez os 17 ministros que deixarão o governo para se candidatar em 2018.

Em vez de aguardar a virada do ano, perder o mês de janeiro de recesso parlamentar e concentrar as mudanças em março, melhor seria dar uma só cartada – “Ano novo, governo novo!”, o velho slogan socorreria o Planalto, e se ganharia tempo para cuidar da gestão, sem as atrapalhações da política.

Entre outras vantagens, a antecipação da reforma ministerial daria posse aos representantes do Centrão, grupo de partidos políticos de quem Temer tornou-se mais devedor depois da rejeição das duas denúncias de corrupção que a PGR enviou ao plenário da Câmara.

Obstrução tucana

A manobra, que parecia nascida do bom senso, foi obstruída por uma ponderação do senador Aécio Neves junto ao presidente – se os tucanos deixassem o governo antes da convenção que elegerá o novo presidente do PSDB, no início de dezembro, seria uma demonstração de fraqueza para a chapa do governador de Goiás, Marconi Perillo, apoiada pelo senador mineiro e parceiro de Temer.

Na semana passada, o fato de Imbassahy ter sido informado pela mídia sobre sua saída do governo azedou um clima que já vinha tenso. O deputado baiano é de um apreço absoluto ao presidente, a quem tem mais apego do que ao seu próprio partido.

O fortalecimento do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, é outro fator que contribuiu para trocar a reforma ministerial no atacado pela reforma no varejo. Hoje, é ele quem tem mais influência nos próximos passos a serem dados como forma de obter êxito na Reforma da Previdência. Nos pouco mais de 20 dias que faltam para o recesso, talvez seja possível substituir até um máximo de três ministros. Dificilmente mais do que isso.

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