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Quando o PT abandonou Delcídio

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O senador Delcídio Amaral que, de acordo com a revista Isto É, engendrou acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR), foi abandonado pelo PT. Para tanto, vale a pena recordar parte do que foi divulgado logo após sua prisão, determinada pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

No mesmo dia da detenção do senador Delcídio Amaral, 25 de novembro de 2015, o presidente do PT, Rui Falcão, apressou-se em divulgar uma nota. Nela, abandonava o companheiro à própria sorte. “O PT não se julga obrigado a qualquer gesto de solidariedade”, desferiu, em nome da sigla.

“Coisa de imbecil” e “que idiota” teria reagido o ex-presidente Lula, de acordo com o noticiário à época. Ainda segundo apurações jornalísticas, Delcídio, já encarcerado na sede da Polícia Federal (DF), se “descontrolou completamente” quando soube da reação do principal líder petista.

O senador Renan Calheiros, presidente do Senado e político sobrevivente a sucessivas intempéries desde o governo de Fernando Collor, não queria atender à decisão do Supremo (a Constituição determina que a prisão de um parlamentar seja referendada, ou não, pelos senadores). Para ele, aquela era mais uma “invasão” que afetava o “equilíbrio dos Poderes”.

Confrontado com a nota petista, ainda durante a sessão plenária do mesmo 25 de novembro, reagiu de maneira diversa ao PT e condenou o manifesto de Falcão. “É uma nota oportunista e covarde”, bradou Calheiros enquanto presidia a sessão, diante do silêncio da bancada petista.

Renan Calheiros não é petista

Também na mira da Lava-Jato, Calheiros tem se esforçado para, mais do que nunca, aproximar-se de todos os que possam ajudá-lo. Sem alarde, ele tem se reunido com as bancadas partidárias representadas no Senado.

O rito senatorial sugere que os colegas venham até a sala da presidência da Casa. Qual nada. Renan é que tem percorrido os tapetes azuis da Câmara Alta ao encontro das demais agremiações. Quarta-feira da semana passada, por exemplo, reuniu-se com o DEM.

Em oposição, nos últimos cinco anos, a primeira mandatária do País desdenhou das siglas que a apoiavam. Só agora busca, sôfrega, o valhacouto, cada vez mais uma miragem no Planalto Central.

Se a delação de Delcídio teve caráter de vendeta, afora o almejado alívio da pena, não se sabe. Mas não é implausível que ele tenha carregado nas tintas da delação em busca da represália.

A vingança, porém, não pode ser usada para desqualificar a denúncia. Afinal, Delcídio, petista e prestigiado líder do Governo no Senado, era da cozinha do Planalto e confidente de Lula.

O cartapácio divulgado por Isto É, se inverídico, terá que ser desarmado com outros argumentos. Enquanto isso, quanto mais ele circula mais se converte em verdade.

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