Fracassou a manobra orquestrada pela presidente para impedir o racha na base e bloquear o processo de impeachment. Publicação de grampos de conversa entre Lula e Dilma alimentou uma onda de protesto e provocou a intervenção do Supremo Tribunal Federal (STF).
Lula
Divulgação de diálogo comprometedor com Dilma anula efeito positivo de seu papel de coordenador político
Nomeado para a Casa Civil (coordenação política) como a bala de prata capaz de salvar Dilma do impeachment, o ex-presidente Lula não conseguiu sequer sentar-se na cadeira. O juiz Sérgio Moro quebrou o sigilo de um grampo no qual a presidente dá a entender que pôs Lula no Ministério para evitar sua prisão pela Lava-Jato, uma vez que passaria a desfrutar de foro privilegiado (Supremo). O escândalo gerou reações negativas em cadeia – manifestações, agravamento da crise com o PMDB, vitaminação do impeachment. O pleno STF poderá derrubar as ações que anularam a posse, mas há o risco de manutenção do processo de Lula na jurisdição de Moro.
Dilma Rousseff
Presidente nomeia Lula ministro, compra briga com PMDB e processo de impeachment começa a andar no Congresso
A fórmula da presidente Dilma para retomar a iniciativa política, terceirizando o governo para Lula, não funcionou. Como consequência, ela acumulou mais reveses. A ideia de que, acossado pelo juiz Moro, ele buscaria proteção no foro privilegiado, gerou inúmeros protestos. Além do ex-presidente na Casa Civil, Dilma deu posse ao deputado Mauro Lopes na Secretaria de Aviação, e com isso desagradou ao PMDB, que proibira seus membros de assumir cargos no governo. Michel Temer não compareceu em sinal de protesto, a bancada ruralista aderiu ao impeachment e o PRB (23 parlamentares) resolveu deixar a base.
Sérgio Moro
Juiz desestabiliza estratégia do PT ao publicar conversas grampeadas do ex-presidente com políticos
O magistrado alvejou o governo com a autorização para publicar grampos de diálogos de Lula com outros políticos, e provocou uma intricada polêmica jurídica a respeito da legalidade de tal ato. Além causar a anulação da posse do ex-presidente na Casa Civil, a liberação de áudios obrigou o Ministério Público a analisar se cabe investigar a presidente Dilma por suposta tentativa de obstrução da Justiça. A iniciativa de Moro foi questionada por se tratar de quebra de sigilo de presidente República, mas ele teve o apoio do procurador-geral da República. Avalia-se no meio político se Moro foi longe demais.
Jovair Arantes
Ligado a Cunha, ele diz que cabe ao presidente da comissão decidir se mantém a delação de Delcídio no processo
O líder do PTB foi escolhido relator do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Arantes integra a base do governo e é aliado do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, o maior adversário político do Planalto no Congresso. Após ser eleito, assegurou: “Esse relatório com certeza vai desagradar a um dos lados, mas tenho de agir como magistrado”. De acordo com os prazos regimentais, seu relatório será apresentado cinco sessões após a manifestação da defesa da presidente, prevista para 04/04. Nesta segunda, o relator apresenta para a comissão seu cronograma de trabalho.
OAB
Por expressiva maioria, entidade que propôs tirar Collor deu apoio ao pedido de impeachment da presidente
Em reunião pautada por discursos inflamados, a OAB apoiou, na sexta-feira (18), o pedido de impeachment de Dilma Rousseff, ao aprovar parecer que reconheceu a prática de crimes de responsabilidade por parte da presidente da República. A entidade foi autora do pedido que resultou no afastamento do ex-presidente Fernando Collor, em 1992. Na votação, apenas a bancada do Pará e o conselheiro Marcelo Lavenère foram contra, ato de forte contestação aos argumentos do Advogado Geral da União, José Eduardo Cardozo, que compareceu e fez a defesa da presidente. O gesto produzirá expressiva repercussão política.