Caso o presidente Michel Temer não permaneça no cargo, o artigo 81 da Constituição estabelece que a eleição deve ser indireta, ou seja, restrita ao Congresso Nacional. Mesmo que haja movimentos em favor das eleições diretas como, por exemplo, mobilizações de partidos de esquerda e articulações no Congresso, o mercado, empresários, meio politico e importantes veículos de comunicação rejeitam a eventual escolha do novo presidente da República pela via direta antes de 2018.
Porém, a opinião pública é favorável a escolha do sucessor de Temer —se necessário— por eleições diretas. Segundo o Instituto Paraná, 90,6% dos entrevistados opinam que o novo presidente deveria se eleito pelo voto popular. Apenas 7% quer que o presidente seja escolhido por deputados e senadores, ou seja, indiretamente, como estabelece hoje a Constituição.
Crise de representatividade
Assim, caso o mandato de Michel Temer for interrompido antes de dezembro de 2018 e a escolha de seu sucessor ocorrer por eleições indiretas, a crise de representação pode se aprofundar, pois o novo presidente não será eleito pela população. Mais do que isso, será escolhido por um Congresso altamente contestado por conta do envolvimento de muitos parlamentares na Operação Lava-Jato.
Vale lembrar que mesmo que a maioria do eleitorado não preste atenção no candidato a vice-presidente quando vota numa eleição presidencial, Temer foi eleito pelo voto popular juntamente com Dilma nas eleições de 2014.
Outra questão interessante na eventual sucessão de Michel Temer é que o candidato preferido para uma eleição indireta (o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa) não está na lista de prioridades do mundo politico.
Conforme podemos observar, além do chamado “não voto” (brancos, nulos e indecisos) somar 36,4%, superando a intenção de voto de qualquer candidato, os nomes mais fortes para a sucessão de Temer —o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD-SP), e o ex-ministro Nelson Jobim (PMDB-RS)— possuem baixa densidade eleitoral.
Judiciário em alta
Nota-se também uma preferência por nomes ligados ao Poder Judiciário e dissociados da política tradicional (Barbosa e Carmen Lúcia aparecem em primeiro e segundo lugar na pesquisa), o que pode ser explicado pela imagem positiva adquirida pelo Judiciário nos últimos anos devido ao protagonismo conquistado no combate à corrupção.
No caso de uma eleição indireta, a baixa densidade eleitoral não impede uma eventual vitória de Maia, Meirelles ou Jobim, mas poderá trazer problemas no que diz respeito a falta de base social junto a opinião pública caso algum deles de fato assuma o comando do país.
Veja a continuação desta pesquisa:
PARANÁ PESQUISA (PARTE I): DELAÇÃO DA JBS ABALA IMAGEM DE TEMER
PARANÁ PESQUISA (PARTE III): ESPAÇO PARA O EMBATE ENTRE LULISMO X “ANTI-POLÍTICA”