O resultado da votação da denúncia contra o presidente Michel Temer foi positivo mas revelou uma certa fragilidade na base aliada. Principalmente com relação ao PSDB, principal aliado do governo.
A bancada tucana rachou na votação. Dos 47 deputados da bancada, 22 votaram a favor do presidente e 21 contrários. Quatro estavam ausentes.
O ministério das Cidades, ocupado pelo deputado Bruno Araújo, é uma das posições mais cobiçadas pelo centrão, formado por PP, PR, PSD e PTB, que reúnem 142 deputados. Porém, também no centrão, houve dissidências: foram 32 votos contra o presidente.
O PSD foi o que registrou o maior de número pelo prosseguimento da denúncia. Dos 38 parlamentares, 14 votaram pela autorização da investigação pelo Supremo Tribunal Federal.
No PMDB, sete dos 63 deputados votaram contra a orientação da legenda. O partido fechou questão contra a denúncia e, por isso, esses parlamentares podem ser penalizados.
Governabilidade
O placar da votação mostra que o governo tem apoio além da maioria absoluta da Câmara, o que lhe garante governabilidade. É uma sinalização positiva para a votação de projetos de interesse do governo, em especial para a retomada das articulações com vistas à aprovação da Reforma da Previdência.
O resultado também deixa evidente que Temer tem gordura para queimar em uma possível segunda denúncia a ser apresentada pelo Procurador Rodrigo Janot.
Reforma da Previdência
O desafio que se apresenta para o governo é o de recuperar votos do PSDB para a reforma previdenciária. Foram 21
votos do partido contra Temer. Outros deputados da base governista também votaram contra. 101 votos ao todo. Terão a oportunidade de manter suas posições no governo caso votem a favor da reforma previdenciária.
Prosseguindo nos desafios,o governo terá que administrar as pretensões de quem votou a favor de Temer em tomar espaço do PSDB no governo. O alvo preferencial é o ministério das Cidades, hoje ocupado por Bruno Araújo. Segundo o Estadão a cobrança de posições no 2º e 3º escalão já começou.
Após denúncia ser barrada, maiores partidos do Centrão cobram cargos no 2º e 3º escalões a Temer https://t.co/08oRCWaAqw pic.twitter.com/OgswmxD3KH
— Estadão (@Estadao) 9 de agosto de 2017
Talvez nada aconteça no curtíssimo prazo. Outro desafio é o de estabelecer uma estratégia de comunicação que
neutralize a oposição de setores da mídia ao governo. Michel Temer está consciente de que o governo comunica mal e não usa o seu potencial para angariar mais apoio junto à população.