O esgotamento da Nova República


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TEMER DEIXOU ESCAPAR A REFORMA ENGATILHADA

A chamada Nova República, período histórico que teve início com o fim da ditadura militar, caminha para o esgotamento. Após o período turbulento dos governos José Sarney (1985-1990) e Collor (1990-1992), tivemos um período de estabilização, durante os oito anos do governo FHC (1995-2002) e também nos oito anos do governo Lula (2003-2010), e em parte da gestão Dilma Rousseff I (2011-2013). A partir de 2014, até o impeachment da ex-presidente Dilma (2016), e agora no governo Michel Temer, vivemos a transição para uma nova Era.

Essa transição para o novo período é marcada por muitas incertezas, principalmente depois que a Operação Lava-Jato desmontou o modelo de relacionamento de importantes parcelas do PIB nacional com o Estado. Além do impacto causado na economia, a Lava-Jato comprometeu as estruturas políticas que organizam o sistema partidário desde 1985.

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Polarização PT x PMDB

O PT, por exemplo, após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, a prisão de importantes dirigentes políticos, e o risco de ver o ex-presidente Lula condenado pela Justiça e até preso, enfrenta muitas dificuldades. Ainda é cedo para dizer se o PT “acabou”. Porém, hoje o partido é muito dependente de Lula.

O PSDB, que polariza a política nacional com os petistas desde 1994, também foi fortemente abalado. As principais lideranças tucanas foram atingidas pela Operação Lava-Jato. O desgaste sobre o PSDB era menor que o causado sobre o PT até a semana passada. Porém, a delação de executivos da JBS atingiu fortemente o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que renunciou à presidência nacional da sigla. O desgaste de Aécio levará o PSDB a uma transição interna. Hoje, o comando do PSDB está nas mãos do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). Porém, a tendência é que o grupo paulista retome o poder perdido para Aécio a partir de 2013.

PMDB, o fiador da governabilidade

O PMDB, partido fundamental para a transição da ditadura militar para a democracia em 1985, e depois fiador da governabilidade nos governos subsequentes, também foi abalado pela atual crise. Além das principais lideranças nacionais peemedebistas serem investigadas no âmbito da Lava-Jato, o presidente Michel Temer, que assumiu o poder após o impeachment de Dilma, em 2006, corre o sério risco de não concluir seu mandato.

Ou seja, o PMDB que juntamente com o ex-PFL (hoje) construiu a chamada Aliança Democrática em 1985, dando início a Nova República, poderá concluir esse ciclo histórico.

A crise econômica, o desmonte do modelo de relacionamento do setor privado com o poder público, assim como do sistema partidário, a ausência de novas lideranças capazes de construir uma unidade nacional e a dificuldade da sociedade em se sentir representada pelo sistema político são características dessa nebulosa fase de transição.

Estamos caminhando para um novo período histórico. A grande incógnita é o que virá após o desmoronamento da Nova República.

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