O dono do Brasil


A primeira vista, o caminho mais fácil é colocar Marcelo Odebrecht na Presidência da República. Ele conhece os caminhos, sabe abrir portas, comandou com êxito empresa de engenharia com várias subsidiárias, realizou obras no país e no exterior e agora, após suas icônicas delações, se descobre que, na realidade, ele mandava e desmandava no Brasil. Toda a discussão política dos últimos anos publicada nos jornais aconteceu em ambiente descolado da realidade. A verdade estava nos acordos secretos e nas verbas ocultas.

O jornalismo brasileiro fracassou absoluta e totalmente. Não havia metas, projetos, nem opções dos governos. Existiam decisões de caráter financeiro que foram embrulhadas com rótulos políticos para enganar o distinto público. A Petrobras encomendava equipamentos que não precisava, mas gerava propina. O mesmo modelo aconteceu em diversas outras empresas. Dilma Rousseff criou mais de quarenta empresas estatais. Estradas de ferro e de rodagem eram aprovadas sem projetos definidos. Geravam apenas despesa e naturalmente propinas.

A corrupção montou o cenário político

A política nacional foi completamente envolvida pela corrupção. Aliás, é o contrário. A corrupção montou o cenário político. Marcelo Odebrecht chegou a dizer que inventou a candidatura Dilma. Provisionou algo em torno de R$ 50 milhões para atender as necessidades de Lula fora do governo e apostou pesado na burocrata que nunca havia concorrido a uma eleição. No mais alto nível de administração nacional, as relações da empresa com o governo eram íntimas, naturais, objetivas. Dinheiro para lá, favor para cá. Quem comandava o caixa era o Ministro da Fazenda, Guido Mantega ou Antônio Palocci, segundo o denunciante. Quer dizer, o mesmo personagem que organizava as contas nacionais, tratava da contabilidade paralela e secreta. Coisa de filme. Máfia de altíssimo e refinado estilo.

A legislação também caiu no mesmo baú da insensatez. Medidas provisórias foram modificadas, leis foram criadas tudo em troca dos trinta dinheiros tão referidos nesta Semana Santa. O Brasil é um país grande e forte. Quase sucumbiu. A longa e penosa recessão dos últimos três anos demonstra o estrago que Dona Dilma e seus beleguins provocaram no país. Lula contribuiu para desmontar o pouco de ordem interna que havia antes. O desmonte das cidades, a falta de segurança, as greves de professores, as escolas fechadas, universidades paralisadas, comércio falido tudo isso é resultado do assalto ao poder.

No Rio de Janeiro ocorreu um capítulo especial. O governador e sua digníssima senhora assaltaram os cofres do estado com estilo e arrogância. Vão pagar um preço elevado. Os cariocas estão padecendo no dia a dia sem salários e sem perspectivas. O choque é violento. Não há anjos nesta história. Até o pessoal da esquerda, que tanto reclama de golpe, navegou nas águas turbulentas da corrupção e do caixa dois. Não sobrou nada. Várias reputações rolaram pelo ralo da história.

O futuro depois da lista do Fachin

Há quem tenha metido à mão na lama, outros cometeram o pecadilho do caixa dois. Por uma ou outra forma foram coniventes com o malfeito e trabalharam junto com as empreiteiras para formar o país delas. É o que aconteceu no Brasil. O governo inteiramente desmoralizado, desligado do povo e capaz de mentir absurdamente como fez Dilma Rousseff na campanha de 2014. É um problema nacional. Governadores, senadores e deputados, além de alguns prefeitos, constam da já famosa lista do ministro Fachin.

A divulgação da lista foi realizada de maneira errada. Há muita informação misturada. Todos terminam sendo contaminados. Empresas jornalísticas tiveram que reforçar o pessoal porque o Supremo Tribunal Federal entregou o material bruto. Não houve tempo para transcrever os depoimentos em fita. Os jornais realizaram a tarefa. E, na medida em que as delações foram aparecendo, passaram a ser divulgadas. Mas é impressionante a calma e a objetividade de Marcelo Odebrecht. Ele fala com a segurança de um príncipe. É o dono do Brasil.

Sempre haverá um futuro para o país. Mais ou menos luminoso. Essa geração acabou. Sobrará muito pouco para contar história aos netos. Serão muitas as aposentadorias precoces no ambiente da política. As tentativas de remediar o desastre com legislação sobre abuso de poder chegam a destempo. O mal já está feito. A reconstrução do país poderá começar na eleição de 2018, se houver. Para que ela ocorra, o governo do presidente Michel Temer precisará chegar ao final de seu mandato. Caso contrário, o caos será inevitável.

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