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Em função da gravidade da crise política e do aumento da fragilidade do governo, faz-se necessário traçar possíveis cenários, caso o presidente Michel Temer não termine o seu mandato.
Considerando essa hipótese, abrem-se duas opções para a escolha de seu sucessor: eleições indireta ou direta. Diante dessas alternativas, é importante avaliarmos as possibilidades de cada uma sob o ponto de vista político.
Eleição indireta
Hoje, a eleição indireta interessaria ao sistema político tradicional, ao mercado e também aos empresários. Por quê? Como eventual renúncia do presidente Temer, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), assumiria pelo período de 30 dias, haveria mais tempo para o meio político tentar costurar, por dentro do sistema, um acordo de sobrevivência até dezembro de 2018.
Mesmo com a baixa legitimidade do atual Congresso, os políticos tradicionais, mercado e empresários preferem uma eleição indireta, com o novo presidente escolhido por deputados e senadores, à incerteza de uma eleição direita.
Como muito provavelmente, em caso de uma nova eleição, serão renovados antecipadamente os mandatos dos atuais deputados e senadores, é pouco provável que os atuais parlamentares tenham interesse em encarar as urnas mais de um ano antes de outubro de 2018 em meio a uma grave crise política, econômica e institucional.
Giro à esquerda de Lula
O mercado e empresários, por sua vez, temem as opções disponíveis. O ex-presidente Lula (PT) é um nome visto com preocupação diante do “giro à esquerda” que ele tem realizado. Ou seja, há o risco de que um eventual novo governo Lula seja bem diferente do “Lulinha paz e amor” do passado. Pelo discurso do ex-presidente, sua gestão apostaria em maior intervenção do Estado na economia, o que desagrada ao sistema financeiro e ao setor produtivo.
Outros competidores
Com o PMDB e o PSDB fortemente atingidos pela crise, as chamadas “opções mais confiáveis” do que Lula parecem pouco viáveis. Embora o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), seja bem visto, seu nome ainda não está tão projetado nacionalmente quanto o do ex-presidente. Assim, existe o risco do surgimento de um “outsider”, como o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), ou alguém ainda mais fora do sistema político clássico, como o apresentador de televisão Luciano Hulk, o que também traria imprevisibilidade ao cenário.
Ou seja, com tantas variáveis de risco no horizonte, a eleição indireta causaria menos instabilidade do que a incerteza de um processo eleitoral antecipado. Mesmo que o novo governo tenha escasso capital político para avançar numa agenda de reformas. O desafio é encontrar um nome que unifique todos esses setores frente ao descrédito da política.
Além disso, essa “saída negociada por dentro do sistema” precisaria enfrentar o desejo da opinião pública de eleger um novo presidente da República pelo voto popular, a provável campanha que importantes meios de comunicação farão a favor da eleição direta, eventuais manifestações e o interesse de líderes como Lula, Bolsonaro e a ex-senadora Marina Silva (REDE) em favor da antecipação de 2018.