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O que já era desequilibrado – com evidente predomínio do Poder Executivo – transformou-se em um novo desequilíbrio, onde a democracia dos que não têm votos, mas têm legitimidade, predomina sobre os que foram eleitos.
E por que acontece isso? A Operação Lava Jato, com sua extraordinária sequência de delações, revelou um sistema político absolutamente apodrecido que produzia eleições fraudulentas e maculadas pelo abuso do poder econômico e das máquinas sindicais e governamentais.
Eleições escandalosas e viciadas
A rigor, tudo o que aconteceu nas últimas eleições deveria ser varrido da história e seus resultados declarados nulos. Os escândalos das doações “por dentro” e “por fora” tornaram as eleições uma gincana viciada e pornográfica. Nem tanto para os eleitos no baixo clero, que recebiam migalhas recolhidas pela alta cúpula de seus partidos, mas sim pela conduta dos caciques, que se financiaram e financiaram outros.
Nesse sentido, é emblemática a pergunta do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) ao colega Zezé Perrella (PMDB-MG), sobre se a eleição dele foi financiada na Lua. Onde está a Lua? Talvez Campos de Carvalho tenha a resposta. Seja lá qual for.
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Desequilíbrio institucional histórico
Olhando de forma prospectiva, é certo afirmar que a confusão está longe do fim. Não existe luz no fim do túnel. Sequer um caminho seguro para a normalidade. Até mesmo pelo fato de que a normalidade institucional nunca existiu. Teremos que construir uma normalidade da qual pouco conhecemos, já que passou algumas vezes por nós em tempos curtos e de baixa densidade.
No Brasil, o desequilíbrio institucional sempre foi a tônica. Tanto pela predominância do Poder Executivo, quanto pela decrepitude de nosso sistema eleitoral que produz maiorias artificiais. Maiorias compráveis que foram utilizadas para tarefas de baixo impacto ou de interesse específico. Lincoln comprou maiorias para abolir a escravidão. Aqui as maiorias foram úteis para manter a supremacia do Estado sobre uma sociedade flácida.
Temos uma guerra em curso. Ainda bem. E o Poder Judiciário desponta como grande e incontestável vencedor. Resta saber se olhará, também, para as suas mazelas. A médio prazo, uma parte expressiva das lideranças políticas atuais estará inelegível. É natural, já que existe a fome (a lei), a vontade de comer (a disposição de aplicar a lei) e a comida (políticos que se consideravam incólumes). Uma espécie de seleção natural acelerada pela guerra.
Viveremos um processo doloroso que, pela densidade e intensidade, não deve terminar tão cedo. Os desdobramentos para 2018 estão absolutamente nublados. O túnel por onde passarão nossas esperanças em busca da luz ainda não está construído. O fim não está próximo.