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Com a aprovação da licença para processar a presidente Dilma Rousseff, a crise política, no curto prazo, ganha uma nova dinâmica. São muitos os motivos para isso.
Dilma caiu, e agora?
- Invertem-se os papéis. Enquanto aumenta o poder do vice-presidente, Michel Temer (PMDB), o que só
tem crescido nos últimos dias, para a presidente Dilma Rousseff as perspectivas são cada vez mais de “carta fora do baralho”;
- Como Temer não tem caneta e a de Dilma deixa de funcionar, a sensação de vazio de poder tenderá a dominar a cena política até que a Comissão Especial do Senado vote a recepção do processo enviado pela Câmara, período estimado em, no mínimo, 15 dias;
- Admitido o processo por parte do Senado, há o risco de estabelecer-se uma espécie de “coabitação tropical”, com duas fontes de poder – a do presidente em exercício e a da presidente afastada;
- Se afastada, a presidente não manda, de fato, mas pode dar entrevistas, receber apoio de correligionários, conviver com manifestações de rua em frente ao lugar em que estabelecer residência (eventualmente o Palácio da Alvorada), permitir acampamentos etc.;
- A natural paralisação da economia contribuirá para dificultar o processo de sua recuperação, fazendo com que a solução se arraste;
- A imprevisibilidade da Operação Lava-Jato permanecerá transmitindo forte tensão à vida política e administrativa;
- Apesar do cacife político adquirido com a derrota do PT, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deve se transformar na bola da vez do julgamento político.