Por conta da Operação Lava-Jato, o mundo político e o mundo jurídico estão em uma corrida contra o relógio.
O mundo político quer, além de se salvar, obviamente, evitar que decisões dramáticas sejam tomadas até as eleições de 2018. Imaginem, por exemplo, se o ex-presidente Lula for condenado em duas instâncias pelas questões que envolvem o sítio em Atibaia e o triplex em Guarujá? Estará inelegível, além de correr o risco de ir para a cadeia.
A agenda do mundo político é a de manter as investigações em ritmo de samba-canção, apostando que o Supremo Tribunal Federal não terá estômago para digerir tudo o que precisa a fim de dar celeridade às sentenças de condenação.
Aposta ainda que, aqui e ali, se poderá aprovar – mesmo contra o clamor da opinião publicada – alguma medida atenuante ao que está sendo investigado pela Lava-Jato. Criminalizando o caixa dois e amenizando o passado dos políticos.
Já a agenda do mundo jurídico é, claro, voltada para a ampla condenação do sistema político brasileiro. No entanto, sabe-se que certas condenações devem ocorrer logo para impedir que políticos ora investigados possam concorrer no ano que vem.
Assim, sabendo das limitações de tempo e de estrutura, a força-tarefa à frente das diligências deseja que o Supremo julgue prioritariamente os grandes caciques da política hoje sob investigação.
Existem mais de 200 políticos potencialmente implicados nas denúncias de corrupção. Muitos deles exercendo mandato e vários desejando concorrer em 2018. Haverá uma espécie de lista de Schindler? Uns ganharão sobrevida para a disputa? Outros, não? Quem vai sobrar para disputar as eleições? Mesmo os que sobrarem podem estar seriamente comprometidos para serem competitivos.
Caso o STF consiga avançar de forma significativa nos julgamentos, as eleições de 2018 serão marcadas pela ausência de importantes e tradicionais lideranças políticas, que estarão inelegíveis.Será a segunda grande novidade da próxima eleição presidencial. A primeira será a ausência das megadoações empresariais.
Parte da imprensa, cuja agenda está em sintonia com a vontade de promover terra arrasada, torce pela rapidez no STF. Que, por sua vez, carece de estrutura para tratar de tantos casos simultaneamente.Todos estão correndo contra o relógio. A linha de chegada está nas eleições de 2018.