Clima de volatilidade a um mês do recesso parlamentar


Pela Constituição, resta um mês de atividade no Congresso Nacional antes do recesso, que começa em 19 de julho. Para entrar formalmente em recesso, os parlamentares precisam votar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Há, no entanto, quem defenda a realização de um recesso branco (informal) se ela não for votada a tempo.

Nessa reta final, pelo menos três temas devem dominar a agenda do Congresso.

Na Câmara, o governo tenta viabilizar a análise da Reforma da Previdência para o início de julho. No Senado, a expectativa é concluir a votação da Reforma Trabalhista, que ainda passará por três etapas: votação na Comissão de Assuntos Sociais (dia 20), na Comissão de Constituição e Justiça (dia 28) e no plenário (início de julho).

O principal tema será a denúncia contra o presidente Michel Temer que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deve apresentar ao Supremo Tribunal Federal. Ela precisa ser analisada pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara e ser votada pelo plenário da Casa. Para que a denúncia seja aceita, são necessários 342 votos.

Está em curso uma verdadeira batalha entre a PGR e o Poder Executivo. O governo se articula para conseguir os votos mínimos necessários a fim de evitar que a denúncia siga adiante. Isso significa pelo menos 172 votos. O governo teria 250 garantidos.

Já a PGR, conforme informações divulgadas pela Folha de S.Paulo, pode apresentar de forma fatiada as denúncias contra Temer, investigado por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução de justiça. O objetivo seria aumentar o desgaste do presidente.

A denúncia da PGR não deve afetar o cronograma de votação da Reforma Trabalhista, cujo cenário mais provável é ser concluída ainda em julho.

Já o calendário da Reforma da Previdência continua indefinido. Os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Moreira Franco (Secretaria-Geral) e Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) retomam as articulações em torno da matéria esta semana. Mas dificilmente ela será submetida à votação até julho. O clima é de muita incerteza e volatilidade, e o risco é alto.

Além da expectativa de denúncia a ser apresentada pela PGR, a Polícia Federal pode concluir, esta semana, a perícia nas gravações de diálogos entre o presidente Michel Temer e o empresário Joesley Batista (JBS).

Outro foco de preocupação são as possíveis delações. A do doleiro Lúcio Funaro, ligado ao PMDB, já está em fase adiantada. O ex-ministro da Fazenda de Lula Antonio Palocci está em processo de negociação. E o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, já teria contratado um advogado especialista em delações.

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