CELAC expõe divergências e complica o próprio futuro


A V Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), que se realiza em Punta Cana, República Dominicana, tem tudo para ser a mais fraca de todas ao expor-se à divergências regionais e rivalidades que deveriam estar sepultadas há anos. Com apenas 12 presidentes de 33 Chefes de Estado e de Governo, a CELAC tem o próprio futuro complicado.

Países como Cuba elevaram o mecanismo ao topo de suas prioridades, mas objetivamente pouco fizeram para que a CELAC se transformasse em um espaço de concertação política robusto e capaz de tratar e propor soluções aos problemas latino-americanos e caribenhos, pelo esforço, diálogo e a diplomacia deles próprios.

Quando nasceu, a CELAC chegou a ofuscar a Organização dos Estados Americanos (OEA), a mais antiga dentre as entidades regionais. Especulou-se inclusive que Argentina, Brasil, Cuba e Venezuela, que a impulsionaram, queriam fazer dela o principal organismo regional.

Entre as intenções e a prática vai uma distância enorme e a CELAC foi forte enquanto eram fortes os governos populistas nestes quatro países, mais Bolívia, Equador, Nicarágua e Uruguai.

As mudanças políticas na região produziram derrotas contundentes principalmente ao eixo Buenos Aires, Brasília, Caracas. Na Bolívia também houve um não à postulação ilimitada de Evo Morales à presidência da República. No Equador, as eleições de fevereiro podem levar a oposição ao poder depois de três mandatos de Rafael Correa que desistiu de tentar outra mudança constitucional graças à baixa popularidade.

E por falar em Correa, várias vozes na CELAC o responsabilizam por contaminar ideologicamente o mecanismo e tentar deixar uma marca com uma agenda entre ousada e irresponsável. A presidência equatoriana trouxe muitos males à CELAC que praticamente esteve estagnada durante o último ano, apesar dos esforços empreendidos pelos dominicanos.

Além da contaminação altamente tóxica, a CELAC não logrou superar as rivalidades entre centro-americanos e entre caribenhos. Cada qual olhando para o próprio umbigo e desconfiando dos demais.

Um dos casos emblemáticos diz respeito ao Foro China – CELAC. Em 2014, a China prometeu aportar US$ 250 bilhões durante uma década aos países do bloco. Pouco se sabe a respeito, mas os pequenos brigam entre si e contra os grandes. Tudo por dinheiro fácil. Ninguém acredita que haverá um fundo equilibrado e que os recursos prometidos serão divididos entre a comunidade inteira.

De olho no seu naco financeiro que Pequim garante que chegará, tratam de abandonar o que dizem em seus discursos, que a integração regional é fundamental. E é, mas não existe como nos tentam fazer acreditar.

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