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Campanha eleitoral

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A direção da Agência Nacional de Aviação Civil decidiu recorrer da liminar concedida pelo juiz José Henrique Prescendo, da 22ª Vara Cível Federal, de São Paulo, que atendeu ação do Ministério Público Federal contra a autarquia. Suspendeu a vigência de artigos da Resolução 400/2016, que permitia às companhias aéreas cobrarem pelo despacho de bagagens. Gratuita, só a pequena mala de até dez quilos.

Não está claro até agora que motivos levam uma agência reguladora a se envolver na economia das empresas aéreas com tamanho nível de detalhamento. É uma ação muito parecida com o que ocorreu no Congresso Nacional nos últimos anos. Uma generosa verba aqui ou ali e os deputados modificavam o sentido de projetos de lei ou de medidas provisórias. Na realidade, o ato de legislar passou a ser um mero arbitramento das ofertas dos lobistas. Quem oferecesse as melhores condições alcançava os devidos objetivos.

Não entendo nada de aviação. Não insinuo nada. Apenas achei esse negócio esquisito. Mas bastante parecido com o que tem ocorrido no Brasil. Os políticos, como se viu na famosa lista do Janot, estão todos envolvidos em caixa dois, lavagem de dinheiro e alguns deles com desvio de verbas públicas. Não há nenhum partido que possa se dizer inocente, virgem ou puro. Todos estão envolvidos de alguma maneira na confusão.

Campanha gera dinheiro e renda

Não é brincadeira. A água baixou e se percebeu que todos os políticos praticavam a caixa dois. Isso era conhecido. Método antigo de fazer política no Brasil. Tão antigo que alguns personagens preferiam fazer campanha, até mesmo para perder a eleição. A campanha gera dinheiro e renda. É um bom investimento. Às vezes, vencer uma eleição transforma-se numa obrigação infernal de atender eleitores trabalhar para ajudar prefeitos e coisa parecida. Melhor perder e recolher para suas contas em paraísos fiscais as sobras de campanha.

A crise desperta imagens e certezas que eram ignoradas. O Brasil é um país de milionários. Gente que ganha muito bem, tem negócios no exterior e sabe investir. Subitamente, novas fortunas foram reveladas. Quase todas construídas com base em generosos auxílios governamentais. Não há dinheiro para pagar salários, mas apenas o montante congelado de Sérgio Cabral ultrapassa duzentos milhões de reais. Vai quitar aposentadorias. Ainda vem mais por aí. A recuperação do desviado poderá ajudar o falido estado do Rio de Janeiro.

Efeito Odebrecht

As empreiteiras brasileiras são impressionantes. A Odebrecht está provocando problemas em dez países da América Latina. Os jornais europeus se referem à ela como a poderosa empresa brasileira. As outras grandes também são fortes. As principais obras nos países vizinhos foram conduzidas por elas. O presidente da época fazia o lobby, o BNDES emprestava o dinheiro, a empresa fazia negócios com os nativos e empurrava todo o pacote. Seria favorável ao Brasil se não houvesse corrupção.

As grandes empreiteiras deverão ser substituídas por empresas norte-americanas, chinesas, inglesas, francesas ou espanholas. Os métodos não serão muito diferentes dos utilizados pelos brasileiros. Mas elas respeitam a legislação dentro de seu próprio país. Não ultrapassam os limites. O objetivo é ganhar dinheiro, vender serviços, equipamentos e material para os compradores. Seus operadores sabem conduzir os negócios com competência.

O ano político de 2017 já acabou

Resta o Brasil. O desastre resultante da operação Lava Jato colocou os principais políticos no centro do palco. Os partidos políticos também. Este conjunto está liquidado. Não haverá solução sem profunda mudança. Não adianta protelar soluções. O sistema político fracassou. A invenção do voto em lista é uma operação de emergência sem qualquer sentido no Brasil. Foi utilizado na Alemanha Ocidental para manter a esquerda longe do poder na época da guerra fria. É o sonho de consumo do Partido dos Trabalhadores. Mantém a elite partidária no poder enquanto ela viver.

O problema é fazer com que o governo funcione apesar dos terremotos e das suas réplicas que vão tornar o noticiário político ainda mais policial. De certa forma, o ano político de 2017 já terminou. Restará a tentativa de votar reformas. E só. Não há maiores sonhos, nem projetos. O presidente Temer pode dizer que depois que Dilma foi passear pelo mundo a bolsa subiu 21%, o dólar caiu 9% e o risco Brasil se reduziu em 16,5%. Além disso, a inflação desabou e os juros estão em queda. É o que se pode comemorar. E começar a trabalhar nas futuras candidaturas, como o ex-presidente Lula está fazendo. Está em plena campanha.

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