O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) recebeu apoio de 13 líderes de partidos políticos na Casa, o que significa 244 votos a seu favor. São 23 a menos do que ele obteve quando foi eleito, em primeiro turno, presidente da Câmara.
O problema é que esses líderes não representam 100% de suas bancadas. No máximo, 70%. Ou seja, na realidade, são 171 votos. Para salvar seu mandato, Cunha precisaria do apoio de, pelo menos, 257 deputados (maioria absoluta da Casa).
A força de Cunha na Câmara está baseada em quatro pilares que começam a se desfazer. O primeiro reside no apoio da bancada evangélica e de outras forças mais conservadoras, que dificilmente conseguiriam avançar em sua agenda sem um aliado como Cunha. Esse apoio é consistente e ele deve mantê-lo.
O segundo pilar se compõe de parlamentares ajudados por Cunha na captação de recursos para suas campanhas. É uma relação forte, mas não implica fidelidade irrestrita.
O terceiro é a oposição, que o apoiava por conta de sua independência em relação ao governo e na expectativa de ver o impeachment contra a presidente Dilma Rousseff instalado. Esse pilar foi quebrado. Na semana passada, o PSDB anunciou seu afastamento de Cunha. Nesta semana, deve ser seguido pelo PPS.
O último pilar é o governo, em especial o PT, que, para poupar a presidente de retaliações, evita críticas diretas ao deputado. Trata-se de orientação feita inclusive pelo ex-presidente Lula. Porém, em uma eventual votação pela perda do mandato de Cunha, o PT tenderia a votar em peso contra ele.
A situação de Cunha se agrava a cada dia, pois não param de surgir provas que contradizem suas versões sobre suas contas na Suíça. Apenas um amplo acordão poderia salvá-lo. Mas, no momento, não parece haver clima para isso.
Conhecedor do regimento e ainda com prestígio, Cunha conseguirá ganhar tempo. Mas, ao que tudo indica, seu destino pode ser decidido já em abril do próximo ano.