Pesquisa realizada pelo instituto Ibope mostrou que a maioria dos entrevistados possuem uma avaliação negativa em relação aos partidos políticos.
Segundo a sondagem, os brasileiros entendem que o país tem muitas legendas e defendem uma redução no número de siglas. O percentual de pessoas sem identificação partidária atinge quase 50%. Os partidos preferidos (PT e PMDB) atingem pouco mais de 10% de preferência, um índice bastante baixo.
De acordo com o Ibope, para 84% dos entrevistados, o Brasil possui hoje “muitos partidos políticos”. 8% avalia que o país tem “a quantidade adequada de partido”, enquanto 4% diz que há “poucos partidos políticos”.
Quando questionados sobre a quantidade de siglas existentes atualmente no Brasil, 77% não sabe responder. 7% citou “mais de 20 até 30%” e 5% falou em “mais de 10 até 20” partidos.
Em relação aos 35 partidos políticos com registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 80% diz que o número “é mais negativo”. Para 12%, essa quantidade de legendas com registro no TSE é “mais positiva”.
Segundo o Ibope, 77% dos entrevistados são favoráveis a apresentação de uma proposta no Congresso Nacional para a redução do atual número de partidos políticos. Apenas 18% é contra.
Sobre a identificação com os partidos existentes, chama atenção o elevado percentual que afirma não ter preferência partidária (46%). Os partidos mais citados, PT, PMDB e PSDB aparecem com índices baixos.
O baixo percentual de identidade partidária, captado pelo Ibope, reforça a avaliação sobre a insatisfação da opinião pública com o sistema político tradicional, fato que pode ser visto durante as últimas manifestações, quando a ampla maioria de quem foi a rua protestar, além de não levar bandeiras partidárias, rejeitou políticos, inclusive da oposição, que tentaram associar-se ao movimento.
Nota-se que a atual crise abalou fortemente a imagem do PT. Os petistas, que já foram a legenda preferida de cerca de 30% dos brasileiros, no início do ano 2000, viram o índice cair para 12%.
Interessante observar que esse desgaste na imagem do PT não foi capitalizado por nenhuma outra legenda, que continuam com índices de preferência baixos. O que ocorreu foi o crescimento da não preferência partidária.
Fundamentais para a democracia, a imagem negativa dos partidos políticos abre espaço para o surgimento do sentimento anti-política que vemos brotar com força em parcela expressiva da opinião pública dos grandes centros urbanos.
O sentimento anti-política abre espaço para o aparecimento de candidaturas “out-siders” ou até anti-sistema nas eleições de 2016 e 2018. Não é por acaso que o deputado federal Celso Russomanno (PRB) desponta como favorito na disputa pela prefeitura de São Paulo em outubro.
Quanto aos cotados para a sucessão presidencial de 2018, podemos citar os índices significativos de intenção de voto da ex-senadora Marina Silva (REDE), do também deputado federal Jair Bolsonaro (PSC) e do juiz Sergio Moro (sem partido), que possuem perfil anti-política tradicional, igualmente como exemplos da anti-política tradicional.