Secom privilegia clientes de Wajngarten e TVs religiosas

A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, comandada pelo secretário Fabio Wajngarten, privilegiou, durante a campanha de publicidade da reforma da Previdência – a mais cara e maior peça publicitária do Planalto em 2019 – a distribuição de verbas para emissoras de TV com cunho religioso e outras emissoras que são clientes da empresa de Wajngarten.


A matéria da Folha de S. Paulo, utilizando dados de documentos da Artplan – agência de publicidade que realizou a campanha da Previdência – que foram enviados ao Tribunal de Contas da União, informa que, na primeira fase da campanha, com investimento de R$ 11,5 milhões, o plano de mídia, em abril, definiu que a Globo nacional seria a TV com maior quantidade de verbas, já que é líder de audiência e atinge um maior público. Após a nomeação do secretário, a orientação da Secom foi alterada. 

A segunda fase da campanha excluiu a Globo da lista de contratadas, o que fez com que as concorrentes menores obtivessem a maior parte das receitas, um investimento de R$36,7 milhões. Foram contempladas então, Record (R$6,5 milhões), Band (R$ 1,1 milhão) e STB (R$ 5,4 milhões), um total de R$ 13 milhões. As duas primeiras são clientes privadas da FW Comunicação, empresa da qual Wajngarten é presidente. O secretário também incluiu 12 emissoras de conteúdo religioso (católico e evangélico) como destinos das verbas, onde foram negociados R$ 1,8 milhão. Foram beneficiadas a Rede Gênesis (R$ 176,3 mil), TV Gospel (R$ 54 mil), RIT TV (R$ 54 mil), TV Canção Nova (R$ 146,9 mil), TV Boas Novas (R$ 69,9 mil), Rede Super (R$ 39,2 mil).


As leis brasileiras proíbem que ocupantes de cargos do governo possam manter negócios com pessoas físicas e jurídicas que possam influenciar ou serem influenciadas por suas decisões. A prática, negada pelo secretário, implica conflito de interesses e pode, se não for descartada a possibilidade, configurar ato de improbidade administrativa. Além disso, a Artplan também é cliente da FW e passou a liderar o recebimento de recursos a partir da gestão de Wajngarten.

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