A Arko Advice não considera o impeachment do presidente Jair Bolsonaro o cenário mais provável. A chance hoje é de 30%. A avaliação tem como fundamento algumas premissas. Vamos a elas.
Em primeiro lugar, ainda não há crime que possa ser atribuído ao presidente da República. As acusações do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, ainda não foram confirmadas. De certa forma, o pedido de investigação feito pela Procuradoria-Geral da República pode “segurar” o andamento de um processo de impeachment na Câmara.
Apesar da pressão política que certamente sofrerá por parte dos partidos de oposição, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), deverá ter cautela. Ressalte-se que todo esse episódio envolvendo a saída de Moro do governo deixou Bolsonaro altamente dependente de Maia. A decisão de acatar ou não um processo contra o presidente é de competência exclusiva do presidente da Câmara. Durante a gestão de Michel Temer, apesar de inúmeros processos apresentados contra ele, Maia não deu prosseguimento a nenhum deles.
O segundo aspecto é que, mesmo sem uma base formal no Congresso Nacional, Jair Bolsonaro conta com o apoio de algumas bancadas informais.
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Bancada ruralista |
Bancada da bala |
Bancada da Bíblia |
Câmara |
243 |
306 |
195 |
Senado |
39 |
14 |
10 |
As três bancadas mais próximas do governo são a ruralista, a da bala e a da Bíblia. Em média, essas bancadas podem garantir 230 votos na Câmara e 21 no Senado. Com 172 votos Bolsonaro consegue evitar a abertura de um processo na Câmara, pois para aprová-lo são necessários 342 votos, e há 513 deputados na Casa.
O terceiro aspecto é que Bolsonaro ainda conta com apoio popular expressivo. Pesquisa do Datafolha (17) mostrou que sua avaliação “ótimo/bom” totaliza 36% e a “regular”, 23%. A “ruim/péssimo” ficou em 38%. |