Com a votação massiva dos partidos de Centro nos candidatos apoiados pelo Palácio do Planalto às presidências da Câmara e do Senado, aumenta a pressão para que Bolsonaro promova uma reforma ministerial. A avaliação é do cientista político da Arko Advice, Lucas de Aragão.
“No presidencialismo de coalizão, o que temos é um Congresso hiperfragmentado, com muitos interesses, com muito instinto de sobrevivência. Se o Executivo quer que o Legislativo vote com ele, vai ter manter acordos, como criar novos ministérios e que membros do legislativo que apoiaram os candidatos participem do Executivo”, explica.
Na segunda-feira (1) foram eleitos Arthur Lira (PP-AL), para a presidência da Câmara, e Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para a presidência do Senado. Ambos eram os preferidos do presidente da República, Jair Bolsonaro. Para a eleição de Lira, o governo mergulhou de cabeça na campanha, com a liberação de emendas parlamentares e a negociação de cargos.
Para Aragão, a maior chance é que sejam lotados cargos que já são ocupados normalmente por políticos. É o caso da Casa Civil, da Secretaria de Governo e do Ministério da Saúde. “O líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), por exemplo, já foi ministro da Saúde. Além disso, é um cargo que tem um orçamento gigantesco, uma grande capilaridade. Isso acaba dando ao dono da pasta a oportunidade de se fortalecer regionalmente”, avalia.
Lira e Pacheco não são garantia para o governo
Contudo, a aliança com os presidentes da Câmara e do Senado não deve funcionar como um passe livre para os projetos apoiados pelo Executivo. “Quando você é presidente da Câmara é como ser presidente de um sindicato, mas se você vive o dia-a-dia baseado somente na sua ideologia, se você começa a passar em cima de consensos, você perde a legitimidade e pode ter dificuldades”, avalia Lucas de Aragão.