A onda de violência desencadeada no Rio de Janeiro após a morte de um miliciano, o que levou à queima de mais de 30 ônibus por grupos criminosos na Zona Oeste da capital fluminense, traz novos desafios na área de segurança pública tanto para o governador do estado, Cláudio Castro (PL), quanto para o governo Lula (PT). O enfrentamento que os criminosos têm feito ao Estado exigirá respostas do governo federal, principalmente por causa do impacto que o aumento da violência provoca na opinião pública.
Embora o desgaste maior recaia sobre Cláudio Castro, a queima de ônibus deve aumentar a pressão sobre o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), que tem sido cobrado por resultados nessa área às vésperas de uma possível indicação de seu nome para o Supremo Tribunal Federal (STF).
O recrudescimento da violência também poderá intensificar os movimentos no mundo político em favor da criação do Ministério da Segurança Pública, acirrando a disputa política na base aliada pelo comando dessa possível nova pasta. Com o objetivo de evitar mais atritos políticos, Flávio Dino aumentará a presença da Força Nacional no Rio de Janeiro. Além disso, já enviou autoridades federais para auxiliar nas operações de segurança no estado.
No dia 27 de setembro, o presidente Lula (PT) descartou uma possível aplicação de uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no Rio, pois não quer, conforme explicou, “as Forças Armadas brigando com bandido nas favelas”.
Durante sua passagem por Brasília na semana passada, Cláudio Castro se reuniu com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e propôs medidas para combater as organizações criminosas, por exemplo com a criação de uma tarifa social para serviços de energia, água e televisão. O objetivo é sufocar financeiramente essas organizações criminosas, que utilizam tais serviços nas comunidades para ampliar seu domínio territorial.
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Diante do aumento da violência no Rio, Lula precisará construir ações efetivas. A segurança pública é uma área sensível, visto que pode repercutir negativamente sobre a imagem do governo, sobretudo se as ações da milícia e do tráfico não forem contidas. Solucionar o problema da segurança no curto prazo também contribuirá para evitar, por exemplo, que a oposição utilize o tema como pauta para atacar o governo federal.