Sheikh Hasina, a primeira-ministra de Bangladesh, renunciou nesta segunda-feira (5), em meio a uma onda de protestos que deixou mais de 300 mortos nas últimas semanas. Segundo o comando das Forças Armadas, Hasina, que governava há 15 anos, deixou o país após o anúncio. Os militares assumiram o controle do governo interino.
Os protestos começaram em julho, liderados por estudantes que exigiam a abolição do sistema de cotas que reserva um terço dos empregos públicos para familiares de veteranos da guerra de independência de 1971. Inicialmente pacíficos, os protestos logo se tornaram violentos, com confrontos mortais entre polícia e grupos pró-governo. Só nesse domingo (4), 90 pessoas morreram decorrentes desses confrontos.
A crise foi agravada pela recente decisão do Tribunal Superior de Bangladesh de restabelecer o sistema de cotas, abolido em 2018. Dessa forma, analistas também apontam que a alta inflação e o desemprego crescente contribuíram para o descontentamento popular.
Regime tenta resistir
O governo ainda tentou conter os protestos com o bloqueio da internet no país e aplicando toques de recolher. No entanto, grandes multidões invadiram a residência oficial de primeira-ministra, em Dhaka. Relatos indicam que levaram Hasina e sua irmã de helicóptero para um local seguro. Além disso, supostamente estaria em direção à Índia, onde receberiam proteção do governo indiano.
Waker-uz-Zaman, chefe das Forças Armadas, anunciou que os militares formaram um governo interino, que permanecerá no poder até encontrarem uma solução definitiva. Por fim, a Índia, tradicional apoiadora do governo de Hasina, acompanha de perto os desdobramentos. O ministro dos Negócios Estrangeiros da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, afirmou estar monitorando pessoalmente a situação.