Morreu ontem Ibsen Pinhero, que foi presidente da Câmara durante o impeachment de Fernando Collor. Tempos depois, o próprio Ibsen seria protagonista de um escândalo — o dos anões do Orçamento.
Anos mais tarde, descobriu-se que a denúncia que o levou à derrocada política tinha em si um erro crasso de matemática, por conta da correção monetária da hiperinflação.
Ou seja, a movimentação financeira das contas do deputado não era tão astronômica quanto se pensou durante o episódio. Um detalhe que passou despercebido por muitos: a denúncia contra Ibsen partiu do então deputado do PT José Dirceu. O assessor parlamentar que fez as contas erradas era Waldomiro Diniz, que protagonizou o primeiro escândalo de corrupção do governo Lula, quando ocupava a chefia de gabinete da Casa Civil. Seu chefe e ministro era justamente José Dirceu.
Ibsen Pinheiro começou na política em 1976, quando se elegeu vereador em Porto Alegre. Em 1978, eleu-se deputado estadual. Em 1986, foi eleito deputado constituinte.
Foi ainda presidente do MDB gaúcho por dois mandatos (2010 a 2012 e 2015 a 2017), além de presidente da Câmara dos Deputados entre 1991 e 1992, quando conduziu o processo de impeachment do ex-presidente Fernando Collor.
Nesse período, Ibsen era um dos principais expoentes da política nacional. Foi o responsável, por exemplo, pela instalação da CPI que deu origem a queda de Collor.
Teve mandato cassado em 1994 no episódio batizado de Anões do Orçamento, divulgado pela revista Veja.
Porém, onze anos depois, o jornalista responsável pela matéria reconheceu que haviam erros nos números divulgados sobre o suposto desvio de verbas.
A injustiça foi reparada em 2004, quando Ibsen Pinheiro elegeu-se vereador em Porto Alegre. Depois, em 2010, assumiu o mandato de deputado federal. E em 2014, elegeu-se deputado estudual, seu último cargo público.
A perda de Ibsen Pinheiro deixa a política menor. Homens públicos como Ibsen são cada vez mais raros. Um político das grandes causas.