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O ‘timing’ Lula – Análise

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O pragmatismo do presidente Lula (PT) no início do seu terceiro mandato muitas vezes não foi bem entendido por integrantes do Centrão, que chegaram a sugerir que ele estava destreinado com o xadrez político. Nada disso. Dez meses depois, é possível constatar que Lula continua o mesmo dos governos anteriores. Como nos dois primeiros mandatos, mantém a negociação de cargos e recursos com partidos de centro, mas usa o tempo a seu favor, o que sabe fazer melhor que seus antecessores. No primeiro semestre, enquanto a articulação política do governo sofria duras críticas, especialmente por conta da demora na entrega de emendas e cargos, Lula via importantes pautas econômicas e fiscais serem aprovadas pelo Congresso. A estratégia é reafirmar que o timing é dele e ele não cede a pressões.

Um dos mais recentes exemplos disso girou em torno da negociação de Lula com partidos do Centrão, em especial o Republicanos e o Progressistas, este último o partido do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). A participação das duas legendas no Ministério foi costurada por mais de dois meses e resultou na nomeação de André Fufuca (PP-MA) para Esportes e de Sílvio Costa Filho (Rep-PE) para Portos e Aeroportos, pastas diferentes das desejadas. E ainda há outra parte do acordo em aberto, cuja tratativa envolve diretamente Lira, a quem Lula teria prometido entregar o comando da Caixa Econômica (CEF) e suas 12 vice-presidências, o que até agora não saiu do papel.

Lula

Foto Valter Campanato/EBC.

Mesmo que esteja apalavrado, Lula tem feito questão de reafirmar que cabe somente a ele decidir o que será entregue e, mais importante, quando isso acontecerá. Ultimamente, o presidente evitou mudanças abruptas que causassem traumas em seus aliados, numa tentativa de reduzir ruídos. O tempo também é crucial na estratégia adotada. Ele aproveita a ansiedade dos interlocutores para “parcelar” a entrega ou, até mesmo, renegociar a dívida, conforme visto na minirreforma ministerial.

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Com a justificativa da cirurgia de Lula, as próximas mudanças na estrutura do governo terão que aguardar o retorno do presidente do repouso, o que pode levar mais algumas semanas. O que não significa que os interessados irão descansar. Nos bastidores, alguns nomes são cotados para a presidência da CEF. Entre eles, o do atual presidente do Banco de Brasília (BRB), Paulo Henrique Bezerra, e o do superintendente regional de Pernambuco do Banco do Nordeste, Pedro Ermírio de Almeida Freitas Filho. Também surgiu como forte candidato na bolsa de apostas o nome de Carlos Antônio Vieira Fernandes, servidor de carreira da CEF. Mas não custa lembrar: é de Lula a palavra final.

 

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