Na última quinta-feira (28), o presidente Lula (PT) teve uma reunião, no Palácio do Planalto, com o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. Esse foi o primeiro encontro de Lula e Campos Neto desde que Lula assumiu a presidência da República.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que “começa uma nova era” na relação entre o Planalto e o BC. Indo na mesma direção, o diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, declarou que a reunião normaliza as relações. Campos Neto, por sua vez, disse que a autoridade monetária busca criar uma relação de confiança com Lula. Diante disso, surge o seguinte questionamento: o encontro entre Lula e Roberto Campos Neto representará, de fato, uma mudança no relacionamento entre governo e BC?
Em política, os sinais emitidos pelos agentes públicos são relevantes. Nesse sentido, o diálogo entre Lula e Campos Neto é importante não apenas para o governo, mas também para a economia e o país. Além disso, Lula sinaliza que poderá adotar uma trégua nas críticas públicas que vem fazendo sobre a condução do BC, sobretudo no que se refere à taxa de juros.
Por outro lado, as críticas realizadas pelo PT e demais setores de esquerda do governo tendem a continuar. Na semana passada, durante a participação de Roberto Campos Neto em uma audiência pública na Câmara, o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) pediu que a Comissão de Ética Pública da Presidência da República fosse acionada para investigar se Campos Neto mantém investimentos em fundos afetados pela política do BC.
Mesmo com a disposição de Lula de melhorar o diálogo com Roberto Campos Neto, o BC continuará sendo alvo do PT. No entanto, o BC autônomo vem resistindo aos ataques a que está sendo submetido. Além de a autonomia do BC estar consolidada, a expectativa de que os juros continuem caindo e a melhora nas projeções de crescimento do PIB são fatores significativos nessa redução da temperatura.
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Mesmo com a insatisfação do PT com Campos Neto, o fato mais relevante é que Lula está aberto ao diálogo. Assim, ainda que haja eventuais ruídos, a posição de Lula tende a prevalecer sobre a de seu partido.