A posse de André Mendonça no Ministério da Justiça e Segurança Pública e de José Levi na Advocacia-Geral da União (AGU), combinadas às recentes saídas de Luiz Henrique Mandetta (Saúde) e Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) – que possuem alta popularidade –, encerra a era dos chamados “superministros” no governo Jair Bolsonaro.
Agora, há dois pilares de sustentação: o ministro da Economia, Paulo Guedes, e a ala militar. Nesses dois pilares, Guedes é o fiador da agenda econômica. E os militares, na ausência de um partido político que dê suporte a Bolsonaro, representam o anteparo político ao presidente. Aliás, não por acaso todos os ministros que despacham no Planalto são militares.
Até agora, ocorreram nove mudanças ministeriais no governo (ver tabela a seguir), desde janeiro de 2019. Na nova composição ministerial, é possível observar a força da ala militar. Dos atuais 22 ministros, nove são militares, entre os quais quatro são generais: Augusto Heleno, Braga Netto, Fernando Azevedo e Silva e Luiz Eduardo Ramos.
Os outros são o almirante da Marinha, Bento Albuquerque, o tenente-coronel da Força Aérea Brasileira (FAB), Marcos Pontes, os capitães do Exército Tarcísio Freitas e Wagner Rosário, e o major da Polícia Militar do Distrito Federal, Jorge Oliveira.
Há ainda o vice-presidente, Hamilton Mourão, que também é general.
É possível que ocorram novas mudanças na equipe. Em meio às negociações com o Centrão para construir uma base política no Congresso, PP, PL, PSD, Republicanos, SD e PTB poderão ser contemplados com ministérios, além de DEM e MDB. A pasta de Justiça e Segurança Pública, por exemplo, poderá ser desmembrada.
Caso tais mudanças ministeriais se confirmem completando o Centrão, surgirá um novo núcleo político como pilar de sustentação ao governo, além de Guedes e dos militares. O núcleo ideológico estará representado pelos ministros Ernesto Araújo, Abraham Weintraub e Damares Alves.
Importante registrar que dos atuais 22 ministros, só cinco são ligados a partidos políticos. Desses, somente Tereza Cristina e Rogério Marinho tem interlocução mais efetiva com o Congresso. Confirmando o ingresso do Centrão na equipe ministerial, essa representação partidária poderá crescer, fortalecendo o relacionamento com o Parlamento.
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