Durante audiência virtual do grupo de trabalho da Câmara dos Deputados criado para consolidar os 78 projetos de lei (PL 2630/20 e apensados) que tratam de liberdade, responsabilidade e transparência na internet, profissionais e pesquisadores de redes sociais, imprensa e direito defenderam a responsabilidade compartilhada de Estado, plataformas digitais e usuários no combate à difusão de fake news.
De acordo com o professor da Universidade Mackenzie e diretor geral do Instituto Liberdade Digital (ILD), Diogo Rais Moreira, há falta de racionalidade das fake news e suas variadas fontes. O especialista propôs um pacto pelo combate à desinformação, envolvendo ações de prevenção, educação e punição, com o objetivo de conter as notícias falsas.
Líder de integridade do Facebook e do Instagram, Mônica Guise afirmou que as estratégias já são utilizadas nas duas redes sociais. Segundo ela, o Facebook, que tem 2,7 bilhões de usuários, passou a contar com 80 verificadores de fatos para reforçar o filtro de notícias falsas. Só em relação à pandemia de covid-19, 18 milhões de desinformações foram removidas da rede social, a partir da central de informações seguras, lançada em parceria com duas universidades dos Estados Unidos.
Em contrapartida, o presidente da Associação Nacional dos Jornais (ANJ), Marcelo Rech, alertou que essa solução ainda é tímida diante de outras estratégias usadas pelos difusores de notícias falsas. Ele afirmou que o grande transmissor de desinformação são os grupos de mensagens. Dessa forma, o problema é muito mais amplo. Para ele, uma forma de resolver ou amenizar o problema da desinformação seria reforçando a atividade jornalística.
O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), relator do grupo de trabalho, também defendeu o incentivo às informações profissionalmente apuradas. Segundo o deputado, para combater a desinformação, deve haver informação. “Para desestimular a mentira, temos que estimular o senso crítico. Considero o papel do jornalismo fundamental. Ao refletirmos sobre desinformação, também temos que refletir sobre o papel que deve ter o jornalismo e a produção de notícias”, disse.