O ex-ministro e economista Antônio Delfim Netto faleceu na madrugada desta segunda-feira (12), aos 96 anos, em São Paulo. Em nota, o presidente Lula (PT) lamentou a perda, destacando o legado intelectual de Delfim. Ele também mencionou a recente morte da economista Maria da Conceição Tavares, e ressaltou que o Brasil perdeu “duas referências do debate econômico”.
Fica o legado do trabalho e pensamento dos dois, divergentes, mas ambos de grande inteligência e erudição, para ser debatido pelas futuras gerações de economistas e homens públicos”, escreveu.
Nascido em maio de 1928, Delfim Netto ocupou cargos de destaques durante a ditadura militar, incluindo os de ministro da Fazenda, Agricultura e Planejamento. Foi signatário do Ato Institucional número 5 (AI-5), e teve papel central no chamado “milagre econômico” brasileiro. Apesar da expansão da economia em alguns setores, a desigualdade escalou níveis estratosféricos. Permaneceu na Câmara até 2007, como deputado federal.
Eu estou plenamente de acordo com a proposição que está sendo analisada no Conselho. E, se Vossa Excelência me permitisse, direi mesmo que creio que ela não é suficiente”, disse Delfim Netto durante a assinatura do AI-5.
Outras figuras políticas lamentam morte
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, também expressaram condolências. Assim, eles destacaram a contribuição de Delfim para o desenvolvimento do Brasil, mesmo em meio a divergências políticas. Além disso, o ministro do STF, Dias Toffoli, lembrou ainda da atuação de Delfim Netto na Embrapa e seu papel como conselheiro de diversos presidentes.
Sua tese de livre-docência foi sobre a economia do café e, até por consequência disso, foi um dos mentores da Embrapa, instituição com papel inegável na revolução agrícola brasileira. Ele foi, portanto, visionário na revalorização de um dos pilares da economia nacional no século XXI. Conselheiro de vários presidentes da República após a redemocratização, soube valorizar as políticas de distribuição de renda e de inclusão social. Sua atuação no período mais duro do regime militar deverá ser lembrada, mas é inegável que o Brasil perdeu hoje um de seus maiores intelectuais e pensador da nação brasileira”, completou o jurista.
Por fim, Delfim estava internado desde 5 de agosto no Hospital Israelita Albert Einstein devido a complicações de saúde.