Indefinições no tabuleiro de 2022 em São Paulo

As conversas do ex-presidente Lula (PT) com o PSB visando as eleições de 2022 envolvem o cenário eleitoral de São Paulo (SP)

Como forma de se aproximar dos socialistas e “tirar” o ex-governador Márcio França (PSB) da disputa pelo Palácio dos Bandeirantes para fortalecer a pré-candidatura do ex-prefeito Fernando Haddad (PT) no campo progressista, Lula teria oferecido para França duas possibilidades:

1) ser candidato a vice-presidente na chapa de Lula; e

2) apoiar o nome de Márcio França ao Senado na chapa de Haddad;

A chapa pretendida por Lula para a disputa ao governo de SP teria Fernando Haddad como candidato a governador, a ex-senadora Marta Suplicy (hoje sem partido) ocupando a vice com Márcio França (PSB) sendo o candidato a senador.

Caso a chapa Haddad-Marta-França se viabilize, a esquerda terá boas chances de chegar ao segundo turno em SP. Porém, há dois obstáculos pela frente.

O primeiro deles é que Márcio França desponta hoje como o representante do anti-Doria no tabuleiro, afinal de contas foi o candidato derrotado pelo governador João Doria (PSDB) nas eleições de 2018. O segundo é que Guilherme Boulos (PSOL) manifestou recentemente seu desejo de concorrer a governador.

O PSDB, por sua vez, também passa por indefinições. Desgastado, João Doria sinaliza com a possibilidade de não disputar o Palácio do Planalto, podendo concorrer à reeleição em SP. Porém, Doria também enfrenta resistências no PSDB, principalmente junto aos chamados tucanos históricos.

Caso João Doria volte atrás e concorrer à presidência da República ou mesmo não concorra a nada ou então se lance ao Senado – hipótese mais remota – o vice-governador Rodrigo Garcia poderá trocar o DEM pelo PSDB e se viabilizar como candidato.

No entorno de Doria, a expectativa é de que Garcia mantenha a estratégia inicial e assine a ficha de filiação no PSDB em maio. Essa costura tinha sido fechada em um cenário com Doria disputando a eleição presidencial.

Assim, Garcia seria apontado como candidato tucano no Estado, sem a necessidade de realização de prévias, e o DEM indicaria o vice em uma eventual chapa de Doria à Presidência. No entanto, o grupo do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) se movimenta para emplacá-lo como candidato.

Com objetivo de frear a articulação que deseja filiar Rodrigo Garcia ao PSDB, na semana passada foi vazada para a imprensa a informação de que o PSL de SP estaria se distanciando ainda mais do presidente Jair Bolsonaro e teria o desejo de filiar Alckmin a legenda. Como um robusto Fundo Eleitoral e um bom tempo de TV, o PSL oferecia a Geraldo Alckmin instrumentos importantes para ser novamente ser candidato a governador.

Além de Alckmin, o PSL também estaria interessado em atrair para a legenda o deputado estadual Arthur do Val (Patriota) e o vereador Fernando Holiday (Sem partido).

Vale mencionar que Geraldo Alckmin também é cobiçado pelo PSB. Especula-se que Márcio França estaria, inclusive, disposto a reeditar dobradinha vitoriosa entre os dois nas eleições de 2022.

No campo bolsonarista, o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub é cotado para a disputa. Weintraub deixou o país respondendo a processos – um por crime contra a segurança nacional após ameaças a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e outro por racismo, após fazer uma postagem que ridicularizaria a China.

Outro nome que se movimenta no campo bolsonarista é o do deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL), que conversa com o PTB para disputar o Executivo paulista.

O presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, ainda está filiado ao MDB, mas já não tem relação orgânica com o partido. Skaf quer se candidatar, mas deve migrar para o mesmo partido para o qual Bolsonaro migrar.

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