Programado para acabar em dezembro deste ano, o Auxílio Emergencial pode ser estendido para os primeiros meses do ano que vem. Nesta terça-feira (10), o ministro da Economia, Paulo Guedes, assumiu pela primeira vez a possibilidade de adiar o fim do benefício.
De acordo com Guedes, a medida pode ser acionada caso uma segunda onda da covid-19 atinja o Brasil. Ele disse também que um novo crescimento no número de contaminados pode aumentar os gastos públicos do Brasil, mas em nível inferior ao gasto neste ano.
“Se uma segunda onda nos atingir, aí iremos aumentar mais os gastos. Em vez de 8% do PIB, provavelmente usaremos desta vez metade disso. Porque podemos filtrar os excessos e certamente usar valores menores”, disse em evento da agência Bloomberg.
Segundo o ministro, a continuidade de programas emergenciais para o ano que vem não deve entrar em conflito com as medidas de contenção de gastos.
“Definitivamente, não usaremos a pandemia como desculpa para fazer um movimento político irresponsável”, garante.
Mudança no discurso
A fala de Guedes representa uma mudança de posicionamento do ministro. No começo de outubro, tanto ele como o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), saíram a público para desmentir que tanto o auxílio emergencial e o orçamento de guerra poderiam ser prorrogados.
“Essa articulação pela prorrogação do auxílio não existe. O ministro descredencia qualquer informação nesse sentido”, disse Guedes na ocasião, como forma de acalmar o mercado, que estava preocupado com um possível desajuste nas contas públicas.
Contudo, a possibilidade ganha força com a proximidade do fim do ano sem uma aprovação uma proposta clara sobre o Renda Cidadã. O programa é planejado pelo governo para suceder o Auxílio Emergencial e substituir o Bolsa Família, de forma a não deixar desamparados os trabalhadores informais ainda atingidos pela crise. O auxílio também é importante para manter a popularidade de Jair Bolsonaro.