A aproximação do calendário eleitoral de 2022 pode afetar o andamento de pautas mais complexas no Congresso. É o que avalia o cientista político e CEO da Arko Advice, Murillo de Aragão. Segundo ele, a reforma administrativa tem chance de avançar. Já a reforma tributária terá que enfrentar barreiras maiores para conseguir ser votada antes das eleições.
“É claro que o mercado gosta de grandes reformas, elas causam riquezas para muitos, mas é importante olhar também para aquelas reformas que trazem ganhos incrementais para o Brasil, ao melhorar o ambiente de investimento”, destacou, em live promovida pela Empiricus e pela Arko.
Para Aragão, apesar dos defeitos do governo Bolsonaro, há em discussão uma agenda que se preocupa com atrair investimentos. “Desde o governo Temer, o que eu vejo é um governo pró investimento, pró melhoria de investimento no Brasil. E isso é importante, mostra que o contínuo é positivo e temos que apostar é no contínuo”, pontuou
Eletrobras
Ao comentar sobre a medida provisória que prevê a privatização da Eletrobras, Murillo ressaltou a importância de se haver um maior debate a respeito do assunto.
Apesar de não acreditar que possa haver privatização ainda neste ano, mas foi um gesto positivo do governo de se colocar em relação a questão.
“A ida do Presidente ao Congresso para entregar a medida provisória foi um gesto importante porque até então não tinha uma narrativa política que apoiasse o processo de privatização da Eletrobras. Isso é muito importante no sentido de acostumar o mundo político ao debate de determinada decisão, como aconteceu com a Reforma da Previdência, que foi sendo debatida desde 2016 até ser aprovada como um resultado de um debate acumulativo, o que foi acostumando o mundo político a entender a dinâmica do processo”, explicou.
“A privatização da Eletrobras é complexa porque envolve interesses estaduais, área de interestaduais, é um problema cheio de casas de pontos. Então o governo terá que ter muita habilidade para construir uma solução que permita obter um apoio majoritário do congresso”, avaliou.
Paulo Guedes
Questionado sobre o Ministro da Economia, Paulo Guedes, Murillo apontou que não há um substituto natural para o economista no órgão. Logo, para o Presidente Bolsonaro, seria mais viável permanecer com Guedes como uma “âncora”. “A realidade mostrada nos últimos dois anos mostra que a força política de Paulo Guedes não é a mesma, mas a gente precisa reconhecer que a interlocução dele com o governo melhorou muito nesse último ano, muito por causa do Arthur Lira e Rodrigo Pacheco.”
Murillo analisa que se Guedes vencer a questão da PEC Emergencial, sendo aprovada mantendo alguns dos gatilhos, ele pode se fortalecer. Entretanto, ainda é preciso que a equipe econômica do Governo tenha uma melhor comunicação e interlocução política. “Há muitas agendas interessantes no Ministério da Economia, mas deve haver uma uma capacidade de articulação melhor do governo. Isso poderia, sem dúvida, fortalecer o Ministro Paulo Guedes”, apontou.
Assista a live completa: