O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), continua se aproveitando das divergências internas no bolsonarismo e atraindo ex-aliados do presidente Jair Bolsonaro (PSL) para o ninho tucano. Depois de ter filiado o deputado federal Alexandre Frota (SP) ao PSDB, encaminhou o ingresso do ex-ministro Gustavo Bebianno no partido. Doria já havia filiado o suplente do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), o empresário Paulo Marinho, presidente do PSDB no Rio de Janeiro. Na semana passada, especulava-se um possível ingresso no PSDB do general Santos Cruz, outro ex-ministro de Bolsonaro. Doria também poderá intensificar o diálogo com a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP), pré-candidata à prefeitura de São Paulo, que, após ser destituída da liderança do governo no Congresso, pode vir a trocar de legenda. Comenta-se que PSDB e DEM são possíveis destinos para Joice. Ao atrair ex-aliados de primeira hora do bolsonarismo para as hostes tucanas, Doria vai ganhando terreno e pavimentando seu espaço no jogo sucessório de 2022 à Presidência da República. Antes disso, porém, terá um importante desafio pela frente: garantir um bom desempenho do PSDB nas eleições municipais de 2020. O desafio não é simples. Em São Paulo, por exemplo, o prefeito Bruno Covas (PSDB) está sendo submetido ao tratamento de um câncer no estômago com metástase para o fígado e linfonodos na região abdominal. Seu estado de saúde gera incertezas sobre o cenário eleitoral de 2020 na capital mais cobiçada do país. Covas continua como pré-candidato à reeleição, mas sua candidatura é uma incógnita. Caso não possa sair candidato, o PSDB terá de construir uma nova opção na capital paulista. Nos bastidores comenta-se que os tucanos históricos podem lançar o ex-governador Geraldo Alckmin. Doria, contudo, tende a ter preferência por opções como Alexandre Frota ou Joice Hasselmann, caso a deputada se filie ao PSDB ou DEM. Como a gestão de Covas é mal avaliada, o risco hoje de o PSDB sequer chegar ao segundo turno em São Paulo é considerável. Conforme podemos ver na tabela a seguir, embora o PSDB seja o partido que mais administra capitais hoje — oito no total —, terá uma disputa eleitoral difícil. Dos oito prefeitos tucanos, apenas quatro podem disputar a reeleição. Caso Covas não consiga concorrer, esse número baixará para três. Entre os três, apenas o prefeito de Porto Velho (RO), Hildon Chaves, é favorito. Os outros dois — Nelson Marchezan Jr., de Porto Alegre (RS), e Cinthia Ribeiro, de Palmas (TO) – podem até chegar ao segundo turno, mas, por enquanto, não despontam como favoritos.
Em outras capitais importantes, como Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA) e Recife (PE), o PSDB nem sequer possui opções de candidaturas neste momento. Como o bolsonarismo permanece eleitoralmente forte nas capitais, mesmo com uma sucessão de crises no entorno do governo Bolsonaro, os tucanos devem ter de enfrentar obstáculos para recuperar o comando nos grandes centros urbanos. Principalmente entre o eleitorado das regiões Sudeste e Sul, que, desde as eleições de 2018, trocou os candidatos do PSDB por opções de perfil conservador. |
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