60 anos de Brasília! Que marco histórico. Os modernistas Lucio Costa e Oscar Niemeyer ficariam orgulhosos, apesar das controvérsias e acidentes no percurso de consolidação da cidade, Brasília significa uma reviravolta.
A mudança da capital do litoral para o centro do país foi uma forma de proteger a alta administração de ataques externos e fomentar o desenvolvimento do interior. O Brasil precisava de um novo ambiente econômico e cultural.
O lema “50 anos em cinco”, não contou com políticas habitacionais a longo prazo. A política de ocupação e uso do solo considera o crescimento natural das cidades (regiões administrativas do Distrito Federal) desordenado. O que trouxe à tona um debate entre a civitas (cidade política/administrativa) e a urbs (cidade da vida comum). Os termos em latim foram associadas, pelo próprio Lucio Costa, aos fundamentos urbanísticos da capital.
O planejamento racionalista de Brasília contou com o eterno embate entre o moderno e o tradicional, sobretudo na dicotomia Plano Piloto/regiões administrativas. A proposta urbanística visava permitir que um parlamentar morasse na mesma quadra que seu motorista, ao mesmo tempo em que devia impedir a formação de favelas “tanto na periferia urbana quanto na rural”.
As pesquisadoras Marília Luiza Peluso, geógrafa com mestrado em Arquitetura, e Lúcia Cony Faria Cidade, arquiteta com mestrado em Planejamento Urbano, em artigo de 2002, sugerem que para equacionar a disputa pela ocupação da cidade, seja realizada “a construção de um processo de planejamento, no qual o Estado e a sociedade possam pactuar o significado, o alcance e os limites da manutenção do patrimônio urbano” e, em segundo lugar “a instituição, no processo de planejamento, de práticas efetivas de gestão democrática do espaço”.
A pressão por boas calçadas de pedestres, travessias e ciclovias, bem como maior participação civil na gestão pública, tem aumentado conforme a efervescência pós-moderna em que Brasília se encontra. A cena cultural brasiliense disputou atenção até pôr um fim na ideia de que a cidade não produz nada próprio, por ser jovem e reunir culturas de diversas partes do país.
Fonte: Agência Senado