Comissão especial sugere marco legal do hidrogênio

O deputado Bacelar (PV-BA) é relator da comissão especial. Foto: Vinicius Loures / Câmara dos Deputados

A Comissão Especial de Transição Energética e Produção de Hidrogênio da Câmara (Ceenerg) deve votar na próxima terça-feira (24) o relatório elaborado pelo deputado Bacelar (PV-BA). O parecer preliminar propõe a criação do marco legal do hidrogênio de baixo carbono e prevê incentivos para o setor.

O tema também é assunto de outra iniciativa no Senado e faz parte de vários outros projetos de lei que tramitam no Congresso. Além disso, o deputado Danilo Forte (União-CE) já manifestou a intenção de pedir urgência na análise dessas propostas a fim de que Câmara e Senado concluam a votação do marco legal da produção e uso do hidrogênio de baixo carbono ainda neste ano.

O relatório da comissão especial traz trechos a respeito da governança, certificação, taxonomia e incentivos para o setor. Nesse sentido, Bacelar propôs a instituição do Programa de Desenvolvimento do Hidrogênio de Baixo Carbono (PHBC), visando incluir o produto na matriz energética brasileira, com o aproveitamento racional da infraestrutura existente e o apoio à pesquisa.

Sustentabilidade – Foto: Getty Images

Incentivos

Outra novidade proposta é o Regime Especial de Incentivos para a Produção de Hidrogênio de Baixo Carbono, batizado de Rehidro. Segundo Bacelar, os incentivos serão proporcionais à quantidade de emissões evitadas, envolve desonerações com despesas de capital (Capex) e operacionais (Opex) e poderão ser usados por empresas e zonas de processamento de exportação (ZPEs).

Bacelar explica que o Rehidro traz cinco pilares de incentivos:

  • desoneração de Capex para produtores de hidrogênio e atividades acessórias, inclusive geração de energia elétrica;
  • desoneração de Opex para produtoras de hidrogênio;
  • desoneração da Cide-Remessas;
  • incentivos de Imposto de Renda e Contribuição sobre Lucro Líquido;
  • emissão de debêntures incentivadas.

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Governança

A governança do setor ficará a cargo da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A princípio, as autorizações de produção já existentes serão mantidas. E como o setor é alvo de constante avanço tecnológico, Bacelar sugere a adoção do chamado sandbox.

“Trata-se de um mecanismo que possibilita a flexibilidade regulatória diante de novos arranjos produtivos e inovações que vão surgindo. Para que isso não demande todo um processo altamente burocrático, a gente flexibiliza essas situações no sandbox”, explicou.

Certificação do hidrogênio

O hidrogênio pode ser obtido de diversas fontes, uma das razões para ser considerado “o combustível do futuro”. Nesse sentido, o recurso tem várias aplicações no setor produtivo e é estratégico nos esforços de redução das emissões de gases poluentes em tempos de mudanças climáticas.

Gráfico sustentável – Foto: Divulgação/CNI

AVárias ações estão atreladas a instrumentos do Programa Nacional de Hidrogênio (PNH2), que já existe no âmbito do Executivo. O comitê gestor desse programa terá, por exemplo, a competência adicional de definir as diretrizes de certificação do hidrogênio de baixo carbono, com participação de representantes do setor produtivo, da comunidade científica e dos estados.

A ANP credenciará as certificadoras, e exigirá transparência na emissão dos certificados de produção de baixo carbono.

A proposta de Bacelar ainda inclui a produção do hidrogênio na lista de prioridades para outorga do uso da água, como já acontece nos casos de água para consumo humano e para matar a sede (dessedentação) dos animais. Contudo, proíbe a outorga em regiões com conflito em torno do uso de água.

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