Início » Brasil de Bolsonaro na era Biden – Análise Arko

Brasil de Bolsonaro na era Biden – Análise Arko

A+A-
Reset

A eleição de Joe Biden era mais do que desejada pela opinião pública (imprensa, formadores de opinião e adversários de Bolsonaro). Assim, a sua confirmação destapou dois sentimentos: a de que a democracia liberal venceu e de que Jair Bolsonaro e o Brasil de Bolsonaro irão sofrer com Biden na presidência americana. Curiosamente, o desejo de prejudicar Bolsonaro é maior do que defender os interesses nacionais na relação.

Circunstâncias históricas

As relações entre o Brasil e os Estados Unidos seguem um continuum e uma lógica pouco percebida pela imprensa brasileira e formadores de opinião. Pouco sabem sobre, por exemplo, as relações de segurança no combate ao tráfico de drogas. Ou ainda não se importam com o fato de que o Brasil é um dos maiores clientes do Tesouro norte-americano. Tampouco dão importância ao fato de que os sistemas financeiros de ambos os países tem ligações estáveis e antigas.

Conjuntura

Evidentemente que as relações pessoais entre Jair Bolsonaro e Donald Trump criaram um ambiente de maior proximidade presidencial. Assim como era a relação entre Fernando Henrique Cardoso e Bill Clinton e Luiz Inácio Lula da Silva e George W. Bush. Porém, as relações pessoais apenas mudam perifericamente a agenda de relacionamento dos países. Os Estados Unidos, cujo grau de institucionalidade é maior do que o do Brasil, trata das relações dentro de marcos que são historicamente discutidos. Tais marcos se expressam em questão diplomáticas, comerciais, segurança, terrorismo, finanças, ambientais, entre outras.

As relações pessoais entre Joe Biden e Jair Bolsonaro poderão ser frias por um tempo. Mas as agendas continuarão a existir e a pautar o relacionamento entre os dois países. Realidade que interessa tanto ao mercado quanto às corporações que investem e exportam para ambos os países. O bom relacionamento entre os Estados Unidos e o Brasil é vital para os interesses da Amazon, Google, Apple, General Mortors, Ford, Raízen, Petrobras, JBS, Marfrig, Bradesco, Itaú, Citi, BTG, BofA, Cisco, IBM e outros tantos players.

O que vem por aí

Teremos um período estranho onde, para fragilizar internamente Jair Bolsonaro, as diferenças entre Biden e ele serão apontados como risco para o Brasil. Por exemplo, haverá um desejo patente de que Biden ataque o Brasil pela questão ambiental. E que, em torno da questão ambiental, surja a narrativa de que o Brasil virou um pária no novo mundo que emerge com Biden. Porém, a questão é muito mais complexa.

Joe Biden pode até se manifestar em relação a Bolsonaro dando um “troco” às inconveniências do presidente brasileiro. Mas, pela sua trajetória e experiência, sabe que o Brasil é grande demais para ser antagonizado. Até mesmo pelo fato de que o Brasil poderia – hipoteticamente – pender politicamente para a esfera chinesa e enfraquecer, ainda, mais, o papel internacional dos Estados Unidos.

Existem vários temas que são importantes para os Estados Unidos e que envolvem o Brasil como, por exemplo, China, 5G e Venezuela.

Assim, todos os players que mencionados dentro da esfera de relações comerciais e de investimento dos dois países são poderosos para mandar sinais de cautela ao novo governo em relação ao Brasil. Destacando que devemos dar tempo ao tempo e esperar o ano que vem com suas agendas.


*Análise Arko – Esta coluna é dedicada a notas de análise do cenário político produzidas por especialistas da Arko Advice. Tanto as avaliações como as informações exclusivas são enviadas primeiro aos assinantes. www.arkoadvice.com.br

 

 

 

Páginas do site

Sugira uma pauta ou fale conosco

Usamos cookies para aprimorar sua experiência de navegação. Ao clicar em "Aceitar", você concorda com o uso de cookies. Aceitar Saiba mais