Uma pesquisa recente do Instituto Reuters da Universidade de Oxford revelou um crescimento significativo no número de pessoas que evitam consumir notícias. O relatório destaca que 39% das pessoas ao redor do mundo frequentemente evitam as notícias, um aumento em relação aos 29% registrados em 2017. Este fenômeno é atribuído, em parte, aos eventos angustiantes da atualidade, como as guerras na Ucrânia e no Oriente Médio.
A pesquisa, conduzida em parceria com a YouGov, entrevistou 94.943 adultos em 47 países entre janeiro e fevereiro deste ano. Os resultados indicam que, embora as eleições tenham temporariamente aumentado o interesse em notícias em alguns países, como os Estados Unidos, o interesse global por notícias continua em declínio. Atualmente, apenas 46% das pessoas afirmam estar muito interessadas em notícias, uma queda significativa em relação aos 63% registrados em 2017.
Entre os motivos para a evasão, o relatório destaca sentimentos de depressão, impotência e sobrecarga de informações. Nic Newman, autor principal do estudo, comentou que o cenário global difícil dos últimos anos, incluindo a pandemia e diversos conflitos, levou muitas pessoas a evitarem notícias para proteger sua saúde mental ou simplesmente focarem em outros aspectos de suas vidas.
O estudo também revelou uma mudança nas plataformas preferidas para consumo de notícias, especialmente entre os jovens. O TikTok ultrapassou o X (antigo Twitter) como fonte, com 13% das pessoas utilizando o aplicativo de compartilhamento de vídeos para se informar. Esse número sobe para 23% entre os jovens de 18 a 24 anos. No Reino Unido, 73% das pessoas acessam notícias online, enquanto apenas 14% ainda recorrem a impressos.
Confiança em alta
Apesar do aumento no desinteresse, a confiança nas notícias manteve-se estável em 40%, embora ainda abaixo do pico durante a pandemia de coronavírus. No Reino Unido, a confiança subiu ligeiramente para 36%, mas permanece bem abaixo dos níveis anteriores ao referendo do Brexit em 2016.
Este cenário desafiante para as mídias tradicionais aponta para uma necessidade de adaptação, especialmente no formato de conteúdo. O vídeo curto está se tornando a forma de consumo de notícias mais popular entre os jovens, enquanto os podcasts também apresentam um potencial de crescimento, atraindo principalmente audiências bem-educadas. Por outro lado, o uso de inteligência artificial em reportagens enfrenta resistência pública, indicando uma preferência por seu uso em funções de suporte, como transcrição e tradução, ao invés de substituir jornalistas.